sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Hablas español?

Pois é verdade, na falta de uma pauta que me agrada, sucumbi a minha interminável semana de paz perturbarda. Para aqueles que conhecem as praias desta minúscula Ilha, já podem deduzir o que há por vir. Canasvieiras é o nome de meu exílio!

Creio que o momento tenha forte influência sobre meu texto, enquanto, ao som de jazz tento desenterrar temas e pautas, para ver se melhores textos fluem; na sacada, praticamente ao lado, sete ou oito famigerados 'gringos' explodem hits pops em espanhol, regados por várias garrafas de espumantes, a fim de esbanjar a finesse que eles não têm. Realmente, meu intuito não é falar mal de nossos hermanos, mas talvez as circunstâncias não permitam.

Não quero admitir o adjetivo de casmurro, dado a mim por uma amiga ao decorrer desta semana, porém, incomoda-me estar exilado em meu próprio terreno. A música e a farra não me dão nos nervos, nem os zurros, os brados e os latidos, o que perturba minha paz, já fragilizada, é o enrolar da língua que paira como zumbido nos ventos aqui desta praia.


Não sou cachorro para gostar de rolar na areia, tampouco gosto de temperar-me na água salgada, logo, não posso me aprofundar nas peripécias destes turistas em nossas praias, todavia, tenho certezas que são muitas, e que os leitores conhecem a maioria; indico-lhes Leonardo Contin da Costa para aprofundarem-se no assunto, mesmo sabendo que em seu texto ele não direcionava-se a nossos amigos argentinos, uruguayos y o 'carallo'.

A temporada chega e Canasvieiras é território espanhol, as atendentes falam-lhe em espanhol, os caixas do supermercados atendem-lhe em espanhol, os anúncios escritos em espanhol, e se você quiser descobrir algum ponto específico, nesta localidade, esteja preparado para ouvir todas as instruções em espanhol. Porém, confesso que ouvi falarem português por aqui. Foi um bêbado mal encarado, mais do que incoveninte, que tentava me abraçar enquanto inventava as mais inconsebíveis e inverossímeis mentiras de que me conhecia e um velho com cara de turco que ajudou-me a expulsá-lo do estabelecimento o qual eu estava parado em frente; estas foram minhas poucas palavras trocadas em portugues tupiniquim pelos cantos de cá.

Não tentem me dizer que eu deveria ter ficado em casa, eu já sei muito bem disso! Mas minha estadia aqui é fruto de promessas mal formuladas. Por fim, gostaria dizer que não sou xenofóbico, meu ódio não é nutrido pelos nossos hermanos de férias, muito pelo contrário, até gosto de alguns deles, minha colera nasce ao saber que ainda estando em Florianópolis, território brasileiro, eu não consigo pedir informações pelos estabelecimentos, ou sentar tranquilo em um bar, um café, sem receber respostas em espanhol.
 
Gessony Pawlick Jr.

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