domingo, 29 de janeiro de 2012

Sônia Bridi, mapas mundis e isopor

Se eu tiver um negócio um dia, tenho certeza que vai envolver livros. Uma livraria, talvez. Sou apaixonada por cheiro de livro. Sabe aquelas pessoas que amam cheiro de gasolina? Que fazem aquela coisa com o nariz como se estivessem tentando sentir o máximo que pudessem daquele cheiro, de tão gostoso que ele é? Eu faço isso em livrarias e bibliotecas.

Blumenau é uma cidade legal. Tem Oktoberfest, três shoppings, um parque enorme e muita cerveja, mas se você vier pra cá um dia, visite a biblioteca da FURB. Tem mil andares, milhões de livros e milhares de revistas. Eu, particularmente, gosto da estante de número 49, onde estão os livros de viagem. Recentemente, devorei as 384 páginas de Laowai, o livro de memórias da jornalista Sônia Bridi. Ela conta, em detalhes, como foram os dois anos que ela passou na China, como correspondente da TV Globo. É o que eu considero jornalismo de primeira.

Sônia e eu temos algumas coisas em comum. Somos catarinenses, jornalistas (ela sim; eu ainda estou tentando) e amamos viajar. Como ela, eu também adoro o meu país e a minha cidade e sei como é importante para o ser humano ter raízes, mas também sei que o mundo é grande demais pra ficar uma vida inteira em um mesmo lugar.

Nos dias de hoje, viajar deixou de ser supérfluo. Muitos dos objetivos que as pessoas estabelecem para as suas vidas envolvem uma grande viagem. Assim, não é de se surpreender que a indústria do turismo seja uma das maiores do mundo. Os Estados Unidos e os seus outlets gigantescos ainda são um dos destinos preferidos dos turistas. A França, charmosa como só ela, é o país que mais recebe visitantes por ano. Mas as pessoas também estão se aventurando por continentes antes pouco visitados, como a África e a própria América do Sul.

Acredito que as pessoas também estão se envolvendo mais com o lugar que visitam – tentam aprender mais sobre a cultura, o idioma, as pessoas. Ainda são turistas, mas tentam, cada vez mais, fazer parte do lugar onde estão. É, literalmente, um intercâmbio. Elas aprendem e ensinam também. Por isso, fazer intercâmbio, na minha opinião, deixou de ser apenas uma modalidade de turismo – aquela em que você vai estudar em outro país e mora na casa de uma família local. Hoje, qualquer viagem proporciona um intercâmbio. É só estar aberto pra isso. É difícil voltar de uma viagem do mesmo jeito em que estávamos quando embarcamos. Alguma coisa sempre muda.

Por isso, faça o seguinte. Compre um mapa múndi, daqueles bem grandes. Cole o mapa em uma folha de isopor. Coloque na parede e assinale com alfinetes os lugares que você tem vontade de conhecer. O meu mapa está lá no meu quarto e dois lugares já deixaram de ser apenas um ponto no mapa pra mim: Montreal, no Canadá e Nova York. E é sobre essas duas experiências que a gente conversa nas próximas semanas.

Bruna Santos

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