domingo, 8 de janeiro de 2012

Minha Terra Seca

Acorda com o canto do galo e o sol ainda despontando. O lavrador pega sua enxada e vai para a luta diária com a terra seca e as obrigações como chefe de família. Não há muito que se fazer por ali, o tempo de prosperidade esgotara-se e a necessidade de dinheiro crescia à medida que a esperança se ia.

Tanto quanto Fabiano de Graciliano Ramos, o lavrador - que aqui não tem nome ou identidade - busca a fuga do castigado sertão. Suas mãos calejadas, rosto de duras expressões, chapéu de palha, roupas surradas e chinelo de dedo são o retrato de outros que também perdem a esperança e vida na caatinga.

Suas crianças brincam com carrinhos malfeitos de madeira velha, a mulher escora-se na janela com o terço na mão pedindo a "Padim Ciço" por um milagre qualquer, uma gosta de chuva ou alguém que lhes tire dali. O Sertanejo briga com Deus, com a terra, com a enxada e com a planta que mal brotara e já estava para morrer. Percebe que se continuasse ali, tornar-se-ia aquela planta: Seca, sem cor, desfalecida, sem vida alguma.

Junta suas poucas coisas, pega a mulher e as crianças e cai na estrada. O pouco dinheiro que tem é o suficiente apenas para chegar à cidade. Seus olhos brilham ao ver os carros, as pessoas; Seus ouvidos doem com os magníficos sons; As crianças, assustadas, escondem-se atrás da saia da mãe que se agarra a imagem de Nossa Senhora. Saem para o desconhecido, para aquela terra que não era morta, para o lugar onde os sonhos poderiam se realizar e a esperança voltar a reinar.

Em casa, no barraco de alumínio que arranjara, as crianças brincam na rua em meio aos tiroteios; A mulher escora-se na janela com o terço e a Nossa Senhora, pedindo ao menos a sobrevivência; O lavrador, engolido pela cidade, murmura seco, desfalecido e sem vida alguma: - Minha terra seca pelo menos era minha!

Thaís G. Teixeira

Nenhum comentário: