sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Missão Noel

Como última postagem minha, antes das festividades de Natal, resolvi ir ao encalço de nada menos do que o dito bom velhinho, ou vulgo, Papai Noel. Prontos para procurá-lo entre a imensidão de neve do Polo Norte e pela Lapônia finlandesa, eu e Horácio, munidos de mochilas, câmeras e gravadores iniciamos nossa jornada tendo como ponto de partida o shopping Beiramar, as 13:48 da tarde, a fim de comprarmos nossos preparativos para a gélida viagem de busca, em nome deste ínfimo sítio denominado Estopim.

Andávamos confiantes, empolgados para explorarmos o extremo da Terra em busca de tão mágico ser, mas, qual foi nossa surpresa quando ao longe avistamos, em um singelo gazebo o rubro e glutão personagem que procurávamos?! Não esperávamos que fosse tão rápido, nos aproximamos receosos, programando nossa abordagem, e assim Horácio fez o primeiro contato, não diretamente com Noel, mas com uma bela moça de minissaia vermelha, que pelo que pesquisei anteriormente, suspeito não ser a Mamãe Noel. Não por menos, nosso bondoso homem estava ocupado, uma criatura mágica de terno e walk talk tentou nos ajudar, mas a promessa de uma entrevista foi falha. Estávamos resolvendo nosso futuro quando o bom velhinho, de sino e cajado veio em nossa direção, e em toda sua generosidade quis se desculpar por seus compromissos, e nesses breves minutos, conseguimos uma carona com o Noel que seguia para outro shopping. Não acreditávamos no que a sorte nos trouxe.

Começamos a subir as escadas rolantes, já esperava chegar ao terraço e encontrar belas renas amarradas a um trenó vermelho e dourado, mas parece que os tempos modernos mudaram até mesmo São Nicolau, que trocou o antiquado veículo aéreo por uma Blazer preta. Enquanto enfrentávamos o trânsito na ilha, fomos conhecendo o Papai Noel, que acabou por revelar seu verdadeiro nome, nada de Nicolau ou Taumaturgo, o laponiano chamava-se Rubão, ou Rubens Alfeu Soares, de 869 anos, incrivelmente nascido no estreito, um tripeiro, como fez questão de falar. Aposentado, trabalhou em uma fábrica que faliu em 1984 - não quis saber qual, com medo de descobrir que a fabulosa fábrica de brinquedos, com direito a duendes, pudesse ter fechado com a concorrência atual.

De sotaque manezinho, o Papai Noel que coincidentemente nasceu no dia 25 de dezembro, se torna completo ao se defender de nossa pergunta capciosa, sobre as crianças e a amolação causada.

O principal do Papai Noel é gostar de criança. Tu te cansas, mas aí vem a criançada e já te reanima novamente. – e completa – Se tu levares para o lado do aborrecimento, daí tu vai te aborrecer! Tu tens que estar preparado para um dia de criança chegar e te agarrar, aqueles que vêm correndo e se jogam em cima ti, tem aqueles que vêm, pegam e puxam a barba. Tem aquelas mães que pegam a criança e jogam em cima de ti, tem aquelas que não querem bater foto. Então você tem que estar preparado para viver esse dia-a-dia. Tu tens que gostar de criança, porque se tu não gostar, teu saco vai arrastar!
Assim, comprovando ser verdadeiramente, ao menos para este estopiniano, o dito Noel, fomos em busca de descobrir o lado pouco conhecido do vetusto senhor que entra pelas chaminés, primeiramente perguntamos se Papai Noel tomava uma cervejinha e descobrimos que ele não bebe nem fuma, todavia por causa de um acidente, antes gostava mesmo de vodka, “uma cubinha”, em suas palavras. Conta-nos também de um tempo em que sumia nos finais de semana, passava no pagode da coloninha, com direito a mocotó pela manhã, e que mesmo hoje, não perde um jogo do Figueira, a não ser que seja época de Natal. Descobrimos também que ele nunca teve um veículo vermelho, fala ainda em outra parte da entrevista que essa coisa de Papai Noel bonachão com roupa vermelha, quem inventou foi a Coca-Cola.

Ouvimos o bom velhinho reclamando do trânsito, do modo como Florianópolis estava, do camarim e da organização do shopping Via Catarina, da Política, a qual alegou gostar de acompanhar, e então aproveitamos o gancho. Perguntamos alguns daqueles que nesse ano ganhariam um carvão de natal, hesitante começou com:

Tá difícil! O que tem de personalidade aí meu amigo, é ôh! – e logo emendou quando Horácio insistiu – Na política acho que são todos sem exceção. Porque para ser político, o cara precisa ser mentiroso [...] Sabe como é o político, ôh! Ele da com uma mão, mas tira com as duas.
Para continuar o ranking, pedimos um jornalista, e o eleito foi Paulo Alceu, o próprio que no mesmo dia tomara café a mesa ao lado da nossa (minha e de Horácio). A justificativa de Noel, foi seu desempenho como comentarista. Pensou um pouco e na procura por um terceiro mau garoto disse:

Olha, vou colocar aqui futebol. Um outro que a gente tem que dar um carvão é o presidente do Avaí, é ôh! Ele estava lá em cima e deixou o time debandar de uma maneira

Depois de muita conversa fiada, por fim, chegamos ao nosso destino, estacionamos e Papai Noel catou suas roupas e apetrechos no banco de trás, os quais passei a viagem dividindo espaço; de um saco de balas distribuiu algumas para os guardinhas, e ainda fez questão de nos mostrar o camarim, para comprovar o que dizia sobre a falta de estrutura do shopping, nos despedimos umas três ou quatro vezes, ele nos ofereceu suco, mas resolvemos tomar um café e deixar o bom velhinho se trocar para nova leva de crianças por vir.
Crédito das fatos: Gessony Pawlick Jr.
Gessony Pawlick Jr.

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