segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Luxuosa escrotidão

Estou em um lugar podre, sujo, chato, medonho, nojento, asqueroso. Esse lugar é ao mesmo tempo fantástico, atrativo, decorado, prazeroso para alguns dos meus companheiros de Planeta Terra. Lá pelas tantas as circunstâncias dessa podre e fantástica vida me colocaram aqui e não posso sorrir se não para debochar dos complacentes terráqueos que lá estavam felizes à beça.

Terminado o nariz de cera, vou aderir ao lead, tal qual Pádua fez ontem, quando descreveu em quatro parágrafos o evento de moda promovido pela nossa luxuosa universidade. A mesma que atrasa os salários de professores e estagiários que lhe vendem valiosos e nem tão valiosos serviços.

O evento de sábado promovido pelo curso de Tecnologia em Design de Moda da Unisul, em que os alunos da primeira e segunda fase experimentaram a profissão e produziram peças para lindas modelos foi um luxo, belíssimo tal qual descreveu Pádua. Mas sou pago para ser do contra. Não é mesmo Soares? Então, tenho que atuar com diligência. E por essas e outras, não exalto esse belíssimo evento.

Acho interessante que Pádua não tenha especificado o lugar em que o desfile aconteceu. Talvez tenha relutado por conta do marketing gratuito que faria ao citar o P12. Sim, o P12 aquele luxuoso clube onde luxuosas pessoas se reúnem para gastar seu luxuoso dinheiro e manter seu luxuoso status. Essa escrota gente que bebe água por R$ 5,50 e cerveja ruim a R$ 6. Não é um exemplo do cúmulo da escrotidão? Ou sou eu o melhor exemplo de escrotidão? Talvez! Bem provável Ninguém soube e nem sabe, ou saberá.

Poltronas lindíssimas, segurança reforçada, piscina grandíssima, mulheres estonteantes (ao menos isso), mas uma falta de vida e de alegria. Uma sensação de inexistência. Uma vida que eu não quero para os meus cinco filhos. Nem estou falando da futilidade, Estou?

Gestores, leitores, pessoas, não se incomodem com essas palavras. Não se trata de uma crítica a universidade, nem ao evento ou a nossa podridão que exalta tolices e mantém apática a capacidade intelectual de nossas mentes. Essa universidade é um sonho e isso é apenas um desabafo.

O que pontuo, agora - amanhã não se sabe – é que o ranzinza aqui não encara mais essa realidade. Não posso, entretanto, deixar de agradecer essa oportunidade que a vida me deu. Pude lembrar que há lugares impenetráveis por gente como eu. Lugares cheios de um vazio. Completos por máscaras carnavalescas, agraciados por colunas sociais, mas escrotos e podres de luxo.


Crédito das fotos: Cristina Souza
Nícolas David

Um comentário:

fernanda disse...

na ocasião, o desfile ocorreu dentro e fora das passarelas, a diferença é q os modelos de fora são aqueles estáticos, aqueles que vemos nas vitrines, cujo o único propósito é mostrar a quem passa a roupinha da moda, o óculos de marca,esses deveriam usar suas peças e adornos com o preço etiquetado, aí saberíamos o verdadeiro valor dessas pessoas, que nos deram o ar de sua graça e arrogância acomodados nas suntuosas poltronas do p12...