quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Jogada política e nada mais

O estado do Pará é a segunda maior unidade federativa do Brasil com extensão territorial corresponde a 14,6% do território nacional. Sua população é de 7.581.051 habitantes, distribuídos em 143 municípios, conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo IBGE.

Por ter uma longa extensão territorial, muitos políticos argumentam que a redução dessa área proporcionaria administrações públicas mais eficientes e melhorias na qualidade de vida da população. Assim o Pará seria dividido, formando dois novos estados, além do atual Pará:Tapajós e Carajás.

Porém, seriam criados três estados deficitários, como traz estudos levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Caso haja a divisão todos os estados nascerão deficitários. “Enquanto o Pará registra atualmente um superávit anual de aproximadamente R$ 300 milhões, subtraindo suas despesas da receita orçamentária, Carajás terá déficit de pelo menos R$ 1 bilhão anual, Tapajós, de R$ 864 milhões, e o Pará remanescente, de R$ 850 milhões.” Agência Brasil 28/11.

Não havendo nenhuma vantagem econômica, qual seria o motivo para a divisão desse Estado? Essa proposta apenas gerará gastos desnecessários para a União, pois três novos cargos de senadores e oito de deputados serão necessários para cada um desses novos Estados. Será preciso investir na criação de um governo estadual, uma assembleia legislativa, um TJE, um MPE, um TCE, um TCM e outros cargos.

Os direitos básicos da população serão reduzidos, já que as verbas que hoje são destinadas a saúde, educação, segurança e infraestrutura serão usadas para custear a máquina administrativa. Os 1,7 milhão de habitantes do Tapajós e os 1,4 milhão de habitantes do Carajás não serão atendidos nas necessidades básicas, tampouco os 5,2 milhões de habitantes remanescentes do original estado do Pará.

Além disso, o Brasil inteiro perderá, pois a bancada nortista crescerá no Congresso Nacional na mesma proporção que diminuirão outras de Estados que possuem bancadas maiores, pois a Constituição limita em 531 o número de deputados por legislatura. O Nordeste se tornará a maior bancada regional, com 27 senadores. Todo o Brasil pagará por essa fração do território. Até o PIB paraense sofrerá redução e entrará em crise econômica. O pouco do PIB que restará será usado para o funcionamento dos novos Estados, já se calcula que o gasto público com a divisão será de R$ 2,7 bilhões.

Estima-se que 61% da população ficará contra a divisão do Estado do Pará no plebiscito de 11 de dezembro, porém uma pesquisa realizada em outubro do ano passado mostrou que mais de 90% da população do oeste do Pará apoiam a criação do Tapajós. A mesma pesquisa, coordenada pela UFPA, também comprovou que mais de 60% dos eleitores do sul e sudeste do Estado apoiam Carajás. Porém, quem mais perde são eles mesmos, pois a produção de energia elétrica da Usina de Tucuruí chegará mais cara nas casas da população dos novos Estados.

Então, eu pergunto: Por que dividir um Estado em vez de lutar por seu desenvolvimento? Por que não criar incentivos fiscais para a indústria do Pará se fortalecer em vez de “triplicar” os impostos. Por que não criar projetos reais para saúde, educação e saneamento básico? Por que não fazer uma revisão crítica dos mega exploradores dos recursos naturais paraenses?

A verdadeira intenção de repartir essas terras é jogada política e nada mais. O povo se ilude com lorotas baratas que estes políticos incompetentes lançam nas campanhas e consequentemente na mídia. O povo brasileiro sairá perdendo muito com essa repartição, mas alguns políticos preferem acreditar que ela acontecerá em prol da população brasileira. De duas, uma: Ou os políticos são burros ou se fingem de burros. Eu fico com a segunda opção.

Bianca Queda

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