sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Se a tinta é pouca, minha vaca primeiro!

O maior evento de arte ao ar livre, ou arte outdoor, que já encantou o mundo, de Nova York a Tóquio, chegou neste mês de novembro ao sul do mundo. O rebanho colorido da CowParade que junta artistas profissionais e amadores, e um número, quem sabe ainda maior, de patrocinadores, conquistou Santa Catarina com a vaca gaúcha Dominicow, a vaquinha da RBS, produzida por Rodrigo Oliveira; e que ficou exposta no shopping Beiramar a fim de divulgar esta nova edição do evento.

O Cowparade que dissemina a idéia moderna de arte, colidindo contra uma estética tradicional, e que teve suas origens em Zurique, no ano de 1998, junta artistas inscritos e convidados, para criarem suas bovinas e leiloá-las com fins filantrópicos. No momento, em Santa Catarina, muitas das obras reúnem-se no ateliê criado no Shopping Beiramar, onde o público pode apreciar sua confecção, porém, estende-se além de Florianópolis, estando presente nas cidades de Joinville, Balnerário Camboriú, Blumenau, Lages, Criciúma e Chapecó. Os ícones catarinenses, até o momento, é a bicicleta bovina, do renomado Juarez Machado, e vaca roxa estilo mexicana de Drin e Barnero, acompanhada pelo Jornal do Almoço, as duas em confecção ainda.

As obras vão do chocante ao engraçado, do surpreendente até a simples vaca pintada de uma cor inusitada, vacas fantasiadas como personagens, vacas vestidas dos mais diversos modos, vacas lendo, uma em especial ao lado de Drummond em Copacabana, vacas em forma de comida, vacas cortadas e despedaçadas, ao melhor estilo David Lynch, estão agora presentes no cenário mundial. No Brasil já invadiram o Rio Grande do Sul, Goiânia, Paraná e Rio de Janeiro, este último com uma segunda etapa, também agora em novembro. Os artistas também são atrações aos eventos, criam expectativas pelas vacas que cada tem por vir, já são inúmeros nomes universais para o campo das artes, como Romero Britto, Oliviero Toscani, Robert Stern, Radiohead, Elio Fiorucci, Michael Graves, Lino Villa Ventura e Edwina Sandys, entre tantos outros citados pelo site da CowParade SC, e tantos nem se quer mencionados, mesmo com tamanha importância.

As vaquinhas, representadas com a visão dos artistas de cada região selecionada, são engraçadas e conquistam rapidamente o público, sejam elas tanto de protesto, como divertidas e chamativas ao melhor estilo Pop Art, as bovinas são comentadas e apreciadas, reunindo admiradores que compram-nas nos leilões. Mas este cômico rebanho não é tão engraçado assim para o artista, selecionado pelo júri artístico, Nelson Baibich; mesmo apesar da piada:


Fui classificado para o CowParade e não consegui patrocínio. É... então minha vaca foi para o brejo.E continua:Porque existe um júri artístico, 140 selecionados, dentro de 680 inscritos, ou 800 sei lá; e aí quem não consegue patrocínio, não pinta sua vaca.


Baibich mostra as mazelas das carismáticas vaquinhas, lamentando que o artista não possa viver através da sua arte. O CowParade não é o único, esses eventos vão além de seu caráter filantrópico e seu tino artístico, afinal a arte já beira o consumismo, exemplo vivo o Pop Art, nascido na década de 50, ou o próprio evento em questão, que tem suas lojinhas espalhadas por aí, vendendo as vacas em miniaturas, broches bovinos e camisetas, que entre as mais famosas, tem a inspirada na texana batcow. Por fim, não vale a pena enganar-se por esse rebanho mundial, deve ser apreciado como toda expressão artística, mas, também, deve-se saber dividir intenções de verdades comerciais.


Gessony Pawlick Jr.

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