quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Olhar dilatado em estado de cegueira momentânea

Gabriel Henrique Collaço

É “fato verídico”, é “fato real”? Nada de impropérios. No Estopim é simplesmente “fato”. Para nós esses fatos narrados, descritos e dissertados são como concerto de vozes unidas e ao mesmo tempo desintegradas. Informações sem equívocos, apuração, alucinações e perturbações de iniciantes que não estão livres de cometer deslizes, mas que têm acreditado na arte de fazer um jornalismo sério, opinativo, argumentativo. Mostram ao mundo o que eles pensam e o que o mundo faz pensar.

Os leitores têm sido beneficiados com informações consistentes, nem sempre conscientes, com apresentação de problemáticas sociais, culturais, comportamentais. A melhor parte, sem dúvida, fica por conta de quem nos faz entrar no ritmo acelerado das mudanças atuais sem mesmo ter que frequentar regularmente a academia: o “Esporte de quinta”. Grande acerto dos textos orgânicos e vivos de Tiago Menezes. Você se sente no jogo, jogando sem jogar. O esporte retratado com ar de crônica rodriguiana.

E enquanto rola o jogo, como um torcedor em cada novo post, as “unhas arranham minhas canelas”, ao ler o simples, não simplório, texto de Claudia Reis e tentar decifrar e devorar os sempre alucinantes e alucinógenos textos, por vezes exagerados, de Fernando Schweitzer. É política em prosa meio poética com chamas de revolta. Por fim, como não adentrar os doces sangrentos textos de Ana Maria Ghizzo. Cristina Souza até quebra o jejum para ter estômago ao pensar na falta de amor retratada, ainda mais observando tudo com a “retina duplicada”.

Sem entender o que acaba de acontecer, Camila Albuquerque representa sua própria história de murmúrios e trincar de copos. O texto é um brinde aos escritores e leitores machucados, trincados. Não posso esquecer (mesmo que a memória seja falha) dos rastros de tradição e ruptura deixados por Luciano Bitencourt no “liceu de ideias”. Um dos textos mais instigantes que li nos últimos tempos, que liberta de formas sociais arcaicas.

Enfim, a cada oportunidade estopiniana, tenho novos momentos de contemplação e comparação. Textos que não servem simplesmente para embrulhar peixes virtuais, mas que permanecem em diálogos constantes. Que as mini-biografias não-autorizadas d’ O Faísca tomem rumos não-autorizados para ocasionar uma série de outras situações. Isto é o Estopim pelos olhos dilatados ombudsnianos. O que não vi, foi a cegueira momentânea.

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