terça-feira, 26 de novembro de 2013

O que é ser um escritor?

Camila Albuquerque

Entre murmúrios e trincar de copos um escritor se esconde, assimila toda a falta de espontaneidade dos conhecidos ao redor e cria um mundo imaginário entre o ambiente, o que lhe foi falado e o que está realmente acontecendo. Mal sabem os demais que para um escritor meio pensamento basta.


Eles seguem um raciocínio lógico de escrever para os seus semelhantes, ou seja, leitores machucados. Pessoas muito felizes não leem, ler é um hábito dos melancólicos. É um escape, uma fuga da realidade, uma busca pela cura e resolução dos problemas a cada página. Eles se identificam com os calos do autor e tornam da leitura um analgésico poderosíssimo, quase ilegal.


E em meio a tantos episódios que seriam facilmente apagados da memória de um escritor, ele extrai a real essência por detrás daquilo. Um escritor realmente bom zomba dos acontecimentos de uma maneira tão sutil que os desatentos tomam como um elogio da parte dele. Ele não é uma só pessoa, é um personagem que vai deixando várias migalhas pelo caminho na esperança de que se encaixem na mente de diferentes leitores com olhares, por vezes, até opostos.

É como uma dança em que ele sempre deve conduzir o leitor. Do contrário será facilmente descartado e substituído por outras histórias, essas mais convincentes.

Mas acredito que o dever principal de um escritor é surpreender o seu leitor. Sem muitos malabares, mas que seja confuso de certa forma. Não deve ser fácil de desvendar e as vezes fica ainda melhor quando a história não dispõe de um final, pelo menos não um assim tão visível.

De resto, em minha opinião de aspirante-a-alguma-coisa, acho que ser escritor é escrever um monte de banalidades e enfiar uma puta luz de inspiração no meio que faz o leitor voltar e ler mais uma vez, na esperança de entender o que acabou de acontecer.


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