terça-feira, 15 de outubro de 2013

Margem de entendimento do espaço de encontros

Nota da redação:


Os estopinianos continuam enrolando o leitor. Mas, agora, eis que surge no tabuleiro do jogo uma peça capaz de desmascarar a verossimilhança das opiniões, as mentiras literárias e as inverdades jornalísticas aqui cometidas. Um ser crítico vai atear fogo nas palavras estopinianas.

Esse novo elemento vem do olimpo, encontra-se diplomado, enriquecido, e estranhamente acabrunhado. É um crítico, apelidado ombudsman, e servirá o leitor com esclarecimentos e ponderações, colocando ainda mais lenha na fogueira das vaidades estopinianas.

O leitor do Estopim sabe que seus colaboradores opinam a respeito dos acontecimentos por meio da análise intuitiva, e não do empirismo, nem do olhar in locu, e muito menos da checagem dos fatos. Atrapalhar a consciência do leitor é um artifício caríssimo a essa redação. Da casa da sabedoria, um ser crítico tentará traduzir tais mensagens, mal sabe: vai dançar conforme a música aqui tocada.

O Estopim, este sujeito fanho a falar sem objetivos claros, este tagarela imprevisível, vê na figura do estreante Ombudsman, o seu pacote de Google Tradutor, e o denomina Campo de Visão. Ficou mais fácil entender a mente da patota. A linguagem deles ainda será o estopinês, mas, em caso de dúvida, basta acessar este campo autônomo que servirá de elo entre o ávido leitor e a insanidade das ideias do estopa.


MARGEM DE ENTENDIMENTO DO ESPAÇO DE ENCONTROS

Gabriel Henrique Collaço


A crítica precisa ver. Um olhar tátil, causando impacto além das fronteiras do fio inflamável. Captar e deixar fugir. O pavio rompeu, mudou, mudou a própria mudança. Suscitou várias inovações no vocabulário jornalístico, deflagrou um movimento, uma reação. Metamorfoses.

Assim como o movimento dos textos transmite por meio de uma extensão do corpo [o blog] os acontecimentos do mundo, a crítica jornalística se aprofunda nas imagens dos corpos. Cria-se, assim, um trânsito de informação entre uma vontade de desvendar esse corpo de forma tão diferente, que traz a pureza e a violência na imagem, que apresenta a leveza e o peso do risco.

A crítica como forma de colaboração com a construção do pensamento contemporâneo. Terreno fértil para discussões. E essas análises repercutem no próprio processo de criação e reflexo do que os textos produziram no espectador/crítico. Um posicionamento do investigar do outro.

Confirma-se, dessa forma, a repercussão e as transformações que a crítica de um ombudsman dançante pode causar em uma obra. Para isso, a crítica deve ir além do óbvio e quem sabe consiga gerar mais mudanças na criação “estopiniana”. Um texto pode esclarecer rotas, assim como também deixar claro onde não se deseja pisar.

 O crítico nada mais é do que um mediador entre a obra e o leitor. Cabe a ele informar e formar culturalmente o público. Uma ponte, um elo entre obra e leitor. A crítica serve como o despertar do olhar diferente e particular sobre a obra. E, na coletividade, o exercitar da curiosidade. A (re)educação do olhar e dos sentidos. Forma de abrir perspectivas para a produção textual. Só assim a crítica poderá (re)adquirir seu sentido didático, provocador, criativo.

Na crítica jornalística, a realidade se constrói com a reforma da nossa visão, interpretando a imagem com “olhar diferente”. A criatividade está em primeiro lugar. É o timing perfeito, isto é, a escolha no momento oportuno para agir. Olhar dirigido. Nesse caso, obtêm-se os pequenos momentos, que pareciam banais, reinventados. Cria-se o novo. Isso é ser crítico, é construir uma obra. Conquistando, assim, novos olhares e imaginações.

Atingir um nível estético é ponto importante, pois críticas servem para mexer com o coração e a cabeça, servem para incomodar, instigar, provocar reflexão e discussão, fazendo, também, que o ser humano tenha a capacidade de construir novas imagens à medida que lê.

A crítica “ombudsniana”, neste mundo veloz, serve como embasamento para percepção dos espectadores, emancipados ou não, de pontos do blog, ou do pensamento textual que passa, muitas vezes, despercebido. Lembro quando li uma frase de Marcelo Coelho, crítico de cultura da Folha de São Paulo, que dizia que uma observação esquisita de um crítico acaba ajudando a perceber um detalhe da obra que não se prestou atenção. O problema dos críticos está em quando eles apenas apontam o erro. Param por aí.

A leitura social de uma obra só se constrói quando outros críticos apresentam seus materiais. Um crítico que critica seu antecessor. A crítica da crítica nada mais é do que a perpetuação do crescimento do conhecimento de uma leitura coletiva. E o “Estopim” aceitou isso, quer isso, cria espaço para isso.

As leituras, ainda ligeiras, que fiz dos textos publicados no “Estopim”, apontam para uma análise da produção jornalística, não simplesmente valorativa, mas compreensiva e situacional, situando no contexto da linguagem a que pertence a obra em determinada época e local. Aparecem, ainda, a crítica descritiva, aquela do que foi visto em cena, e a crítica valorativa, de juízo de valor, embasada em modelos estéticos preestabelecidos e na observação da reação de determinado público e momento. E é este público que indica busca de novos caminhos, de importância fundamental para difundir informações sobre o dia a dia.

Enfim, de início, deixo a minha crítica: o que se espera é que os críticos mapeiem os pensamentos como espécie de um texto dramatúrgico das extensões do corpo, com a diferença de significados de seus intérpretes, meio para compreender os processos comunicativos. Sinto o “Estopim” na veia dos que escrevem. Sinto, em mim, o corpo em crise para explorar detalhes.

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