quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Liga da Justiça e a esperança de um futuro mais justo

Tiago Menezes


Dizem por aí que existe uma força maligna que influência e manipula as datas e o calendário de jogos e campeonatos no futebol brasileiro. Essa força, principal transmissora dos jogos, estaria com um papel totalmente contrário do que se espera dela. 

Enquanto no resto do mundo as emissoras pagam grandes valores para poderem transmitir os campeonatos nacionais, precisando se adequar aos horários dos programas de sua grade com os horários dos jogos, aqui no Brasil é o futebol que tem que dar um jeito de se encaixar em alguma hora que não afete a transmissão da novela.

Alex, grande jogador da temporada do Coritiba e ídolo master da torcida coxa branca, cutucou a Globo há alguns meses, reclamando por ter que jogar depois das 22h da noite e dizendo que tanto o jogador quanto o torcedor perdem com esse horário. Depois disso, o camisa 10 do Coxa mirou em um objetivo ainda maior, alterar o calendário das partidas. 

Desde então, outros grandes nomes começaram a reclamar das datas abusivas impostas pela CBF (quando digo CBF, quero dizer Globo), que marcam jogos desde o começo de janeiro até metade de dezembro, além das partidas no meio das semanas e em várias competições diferentes.

Surge então o “Bom Senso F.C.”, um grupo que começou com 75 jogadores indignados, dispostos a mudar essa situação e lutar a favor dos jogadores oprimidos. Atletas das séries A e B, como Rogério Ceni, D’Alessandro, Paulo Baier e Zé Roberto, fazem parte dessa liga que já enviou uma nota oficial a CBF mostrando a insatisfação e insistindo para que algo seja feito.

Aparentemente, algumas coisas já mudaram porque três campeonatos estaduais terão suas estreias adiadas em uma semana, para não adentrar as férias dos jogadores. Essa “boa ação” foi anunciada pela rede Globo, que decidiu dar mais alguns dias de preparação para os atletas dos campeonatos Gaúcho, Mineiro e Carioca. Olha que bondade! E tem gente que ainda fala mal.

Mas o que importa mesmo é que algo está sendo feito. O Brasil é gigante, por isso só as viagens já causam um desgaste enorme aos atletas. Esse é um fator que, automaticamente, mata qualquer chance de um clube pequeno crescer. Imagine um time sem expressão do interior de Santa Catarina, que precisa viajar até o Tocantins para jogar uma partida, com salários atrasados e sem apoio nenhum, e tentar chegar à elite.

Depois, ainda sofre com datas apertadas e mais viagens ainda, para logo ser rebaixado e voltar à mesma situação de antes, talvez ainda pior. Desse jeito, indiretamente (ou não), o campeonato nacional fica resumido ao Rio de Janeiro e São Paulo, talvez com alguma interferência dos gaúchos ou mineiros de mais tradição e visibilidade.  

Com a possível alteração de datas, Alex pode ter iniciado uma revolução (lenta, muito lenta) no Campeonato Brasileiro. Se um grupo de jogadores conseguir mudar datas, o os que impedirá de opinar sobre regulamentos ou cotas de TV para clubes "menores"? Nada. Ou tudo. Na verdade essa luta é outra, Alex só está mostrando um possível caminho. O jeito é esperar e torcer. 

Nenhum comentário: