Rafaela Bernardino
Proposta da 1ª Semana do Rock de Florianópolis é unir
muito som e palestras que contem a história da música local
Inédita na cidade, a 1ª Semana do Rock em Florianópolis,
organizada pelo Instituto Maratona Cultural e O Clube para o Dia Mundial do
Rock, 13 de julho, está um sucesso e promete novas edições. O principal grupo
da região que fomenta a ideia é O Clube, composto por bandas locais. Este
surgiu em decorrência do falecido e antigo Clube da Luta, lugar em que os
músicos da região se reuniam para festas, divulgação e confraternização entre
os profissionais da cidade.
A ideia de juntá-los novamente foi de Geraldo Borges,
formado em Administração e atualmente músico e organizador do evento. A façanha
não foi tão bem sucedida inicialmente, já que a maioria dos integrantes não
estavam mais interessados em remanejá-los. Disposto a criar uma interação
entre os músicos, Geraldo criou "O Clube". No total, são 16 bandas da
região, a maioria de rock, que todos os meses fazem confraternizações e eventos
pela cidade.
Geraldo, que se casou com a psicóloga Carolina Fensterseifer
ao som do velho rock'n'roll, conta que a ideia primordial é unir e ao mesmo
tempo disseminar as bandas de músicas autorais pela cidade. Como trampolim, o
viés cultural também ganha espaço e conta presença no grupo. A semana,
além de músicas das bandas d' Clube, teve palestra com o tema "O Rock
Catarinense", de Rodrigo de Souza Mota, e um bate- papo sobre o cenário
musical da capital com Márcio Costa. "Não podemos só tocar, é importante
explicar o contexto histórico da música catarinense", comenta Geraldo.
Um dos palestrantes, Rodrigo de Souza Mota, é historiador e
professor no IFSC, além de trabalhar em laboratórios de música voltados ao rock
a partir dos anos 1948 . Intitulado "Rock 48", o laboratório traz uma
série de acervos escritos à respeito do rock'n roll na região. "Eu resolvi
criar o laboratório, porque quando eu fui me formar senti uma grande dificuldade
em achar acervo sobre a história musical do rock no estado. Agora, com o Rock
48, posso ajudar o pessoal que precisa deste acervo", explica Rodrigo. A
ideia de escolher a data, 1948, é garantida pelo DDD 48, em que o historiador
junto de sua equipe passa por cidades do estado que tem o prefixo.
Já Bernardo Fiesch, formado em Música pela Udesc, e Luiz
Gustavo Wistuba são integrantes da banda Besouros da Praia e participam d'O
Clube. Eles estavam presentes na última quarta-feira em mais um dia da semana
mundial do rock, com o pocket show de Daniel Ventura, que também integra o
grupo. A reunião que aconteceu na Livrarias Catarinense do Continente Park
Shopping, em Palhoça, contou com o repertório de bandas locais como Tijuqueira,
Besouros da Praia e Dazaranha.
Para quem imagina que o grupo sempre toca em lugares
fechados, Wistuba garante que é a primeira vez que eles fecham uma parceria
desta magnitude. Perguntado sobre o que O Clube fez nas outras edições do
Dia Mundial do Rock, a resposta surpreendeu: "Nós fazíamos intervenções na rua. Já tocamos na
Escadaria do Rosário, na Praça XV, em vários lugares. Uma vez nós pegamos um
ônibus para o norte da ilha, se eu não me engano era para os Ingleses, e
fizemos um show durante o caminho. (...)"
O pocket show, uma pequena apresentação, contou também com a
venda de cd's e produtos do grupo "O Clube". Os pocket shows -
com a venda dos produtos do clube -, vão continuar até amanhã com a
apresentação da banda Blame na Livrarias Catarinense na rua Felipe Schmith. A
promessa é tocar em cima da marquise do estabelecimento e chamar a atenção de
quem estiver por perto. "Eles não esperam ver a gente na rua. Tocar
na rua é diferente, o público é mais amplo e muita gente não sabe quem você
é", comenta Bernardo.
A iniciativa é nobre e pretende ficar. Geraldo garante que a
intenção é cada vez mais unir o âmbito musical com o meio cultural. Já Luiz, na
reta final da semana, diz estar satisfeito: "Por enquanto está dando
certo. A gente tem notado que o público está mais receptivo". Geraldo
ainda finaliza firmando o compromisso de fomentar cada vez mais o rock local
para o público:
"Espero que as pessoas venha e gostem disso. É uma
coisa que eu trabalhei com bastante carinho, com bastante atenção. A gente que
botar a galera para falar sobre o rock daqui. A gente não quer falar sobre Bon
Jovi e Led Zepplin. A gente quer falar sobre o Tijuqueira, Blame, Califaliza e
Besouros da Praia. Vamos nos antenar sobre o que está acontecendo e procurar se
ajudar a movimentar. A gente não é nada se as pessoas não estiverem junto com a
gente. Espero que as pessoas entendam. Estou mais preocupado em deixar todos a
vontade e não no número de público."
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