Camila Albuquerque
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil |
Acordamos com a sensação de estarmos em um novo país, que
ainda não fora despido por índios ou portugueses. Um país onde o consenso geral
é ir às ruas, em busca de novas respostas, novos valores, sabores, algo que nos
faça conhecer esse chão rachado que sempre pisamos. Acordamos, pela primeira
vez, com o mesmo objetivo.
Somos homens e somos mulheres. Rebeldes, imediatistas,
baderneiros, impulsivos, vândalos, chamem do que quiser! Eu nos considero
cansados. Estamos mentalmente exaustos e graças ao marasmo - recorrente de uma
vida baseada em redes sociais, estamos fisicamente dispostos e vamos para a
rua.
Não nos recordamos de algum outro dia em que nos sentimos
assim, tão determinados e entusiasmados com algo que possa realmente fazer a
diferença. Depois de anos sentados aprendendo o real significado da palavra
“comodidade”, resolvemos jogá-la às traças.
Paramos em frente às televisões sedentos por informações e
imagens que consigam nos aproximar de alguma maneira de tudo isso. Deturpada ou
não, aprendemos também a tirar nossas próprias conclusões diante de tantas
notícias duvidosas. E pela primeira vez, nos sentimos verdadeiramente
conectados.
Conectados a um ideal. De repente, paramos de aceitar certas
situações. Entramos em um surto geral em que todos jogaram fora essa armadura
de “jeitinho brasileiro” e fizeram valer o nosso jeito brasileiro.
Jeito esse que sempre existiu e que, por algum motivo, se fez ensurdecido por
fones de ouvido.
O problema é maior que apenas os míseros – para alguns, R$
0,20. O nosso grito é um grito de basta, de limites esgotados e paciências
perdidas. Já perdemos tempo demais guardando a faca em vez de esmurrá-la.
E acordamos com um sentimento tão forte que nos preencheu de
forma rápida e irredutível. Esmagando nossas costelas, estufando nossos peitos
e colocando nossas caras a tapas. E o que até ontem era desconhecido e
indiferente nos deu um baita de um tapa na cara. Mas antes tarde do que nunca
posso afirmar que, enfim, sentimos a força do que é o patriotismo.
Um comentário:
Orgulho dessa minha amiga! Tinha que ser xará! :)
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