Cristina Souza
Dia desses, eu estava por aí (provavelmente viajando em
alguma praça da cidade), quando ouvi um grupo de adolescentes conversando sobre
o Facebook. A dúvida da menina era se o rapaz estava afim dela, porque ele
tinha curtido muitas fotos da sua página. A outra questionou se ele havia
comentando em alguma, e ela disse que sim. Então pronto, queria “pegar”. Ele
curtia os status também? Mais que certo que ele estava afim.
Achei isso muito engraçado a princípio, mas depois me fez
refletir um bocado: afinal, agora a nossa vida é mesmo ditada por uma (ou mais)
rede social? Veja bem: Algumas pessoas tiram fotos só pensando em postá-las. Não , não
tiram para recordar o momento, mas para ganhar likes no instagram. Aliás,
paquerar virou uma palavra antiga e démodé. Não se flerta mais, não se olha
mais nos olhos, se curte fotos. Não se conversa mais em bares e esquinas, agora
o papo é pelo chat. Não emitimos mais opinião, postamos. Lutar por direitos? Ah
que nada, é só dar uma compartilhadinha que ta sussa. Acorda gente!
Eu sou uma heavy user de redes sociais. Além das populares,
tenho de filme, livro, música. O que não significa, nem um pouco aliás, que eu
deixo de viver a minha vida normalmente, ou ainda que eu paute minha vida e
escolhas pelo número de likes que eu tenho. Falando nisso, deve ter uma galera
achando que quero “pega-los”. Porque as fotos que eu acho legal, eu curto.
Curto um bocado. Comento posts alheios, converso com bastante gente, fuço – ou
melhor stalkeio- um monte de perfis. Porque sou curiosa, simplesmente, não
porque tenho segundas intenções (não na maioria das vezes).
Acho toda essa integração que a internet nos proporciona
muito bacana. Já conheci muita gente por causa da rede, sou da época que tinha
que esperar dar meia noite de sexta-feira para entrar no MIRC, afinal só
custava um pulso telefônico. Fim de semana minha casa ficava incomunicável,
pois a linha estava sempre ocupada e os celulares não eram populares.
Mas nem por isso eu deixava de ir visitar meus amigos, tomar
uma coca-cola (na época eu era menor) no bar ou flertar com os garotos nas
festinhas. E eu fazia essas coisas pessoalmente, sentindo o feeling do momento,
sem precisar conferir quantos likes o meu raparigo do momento tinha dado na minha
foto.
Vamos nos conectar de outro jeito gente. Não esqueçam que na
internet todo mundo é maroto, poeta, rico, come sushi e toma cerveja no final
de semana, com os pés na areia de uma praia bonita. Mas a vida real é bem
diferente, e ela não vai ficar te indicando as coisas em likes ou comentários.
Hashtag ACORDEM.
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