
Ela
acordou cedo, tomou banho e sentou-se a mesa. Família reunida em todas as
refeições era a norma da casa. O trabalho do pai, as notas impecáveis dos
filhos, as conquistas da mãe na cozinha dentre outros tantos assuntos banais
contracenavam com as frutas, cereais e pães. Tudo tão sorridente e impecável semelhante
a algum desses comerciais de margarina da televisão. Abraçaram-se todos,
desejando os bons dias e saíram para seus afazeres.
Chegou
à faculdade bem disposta, bem humorada, cumprimentou os muitos colegas, e
divertiu-se contando os detalhes do pedido de casamento que recebera na noite
anterior. Conheceram-se no início da faculdade de direito, ela caloura, ele
veterano, e logo começaram a namorar, com o trato de que se casariam assim que ela
se formasse.
Assim
foi, último ano de faculdade, sem nenhuma grande surpresa. E naquela manhã ela
exibia sorridente o anel de noivado, enquanto as amigas elogiavam detalhes
supérfluos, como o tamanho da pedra e o brilho, exageradamente surpresas com o
fato tão esperado. Todas as amigas, menos a rabugenta de óculos. A rabugenta e
ela disputavam o posto de melhor aluna, mas a rivalidade não se resumia aí, se
bicavam por tudo, e se uma passasse pelo mesmo corredor que a outra trocavam
olhares de desprezo do início ao fim do caminho. Um daqueles casos de implicância
mútua mesmo que sem motivo.
Perambulou
saltitante o resto do dia, a imagem dela e seu noivinho casando-se era tão
clara em sua mente que podia ouvir a marcha nupcial tocar. Dali em diante tudo
planejado: casamento, lua-de-mel, viagens, filhos, levar os filhos a Disney,
netos, levar os netos a Disney. Tudo simples e sem complicações.
A
última aula foi cancelada, resolveu fazer uma surpresa para o noivo e foi até o
apartamento dele para esperar que ele chegasse do trabalho. Tinha tido um dia
feliz que se encaminhava para um fim de tarde feliz. (continua...)
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