segunda-feira, 6 de maio de 2013

A praia que parou os ingleses

Maria Eduarda Silveira


A praia dos Ingleses recebeu este nome em meados de 1800, quando ainda fazia parte da Freguesia de São João Batista do Rio Vermelho. Ficou conhecida assim devido ao encalhamento de um navio inglês que ocorreu nas redondezas. Ouso dizer que não poderia haver melhor lugar para a embarcação encalhar – certamente os tripulantes puderam apreciar uma boa vista enquanto não acharam uma solução para o ocorrido, que até hoje é desconhecida.

Os fins de semana com sol e temperatura acima dos vinte graus em Florianópolis são um convite para tirar os sapatos apertados e sentir a maciez da areia da praia dos Ingleses. A combinação vento fresco e sol quente é o casamento perfeito para aproveitar um dos visuais mais bonitos da cidade. Na verdade, não tenho certeza se é mesmo um dos mais bonitos, mas que a Ilha e este balneário possuem a tal magia de que todos falam, disso não há dúvidas.

Uma canga e um livro são bagagem suficiente para o programa. No outono, sentar ali, perto de uma pequena vegetação que invade a praia, ter o privilégio de deixar o relógio correr sem se preocupar e observar quem transita pela orla pode ser uma boa opção pra relaxar. Pros mais corajosos e encalorados, vale até arriscar um mergulho nas águas límpidas, e, se der sorte, esbarrar em alguns peixinhos ousados que ficam nadando na beira do mar.

No último sábado, quando me permiti enfim descansar, peguei meu carro, liguei o iPod e resolvi dirigir sem destino. Quando me dei conta, lá estava eu: nos Ingleses. Ah, que praia! Consegue ser ainda mais linda fora da temporada, quando os turistas finalmente dão espaço às belezas – não só naturais – do lugar.

Sentei-me na areia com o meu chimarrão, herança de meu avô, e esvaziei a mente. Fiquei ali, comigo mesma, reparando no que até então passara despercebido. Vi primeiro as crianças, claro, porque conseguem chamar atenção mesmo quando não queremos. Algumas brincavam com baldinhos, outras criavam um reino com os grãos de areia e um menino pré-adolescente catava tatuíras, todos sob o olhar atento dos seus pais. Ao longe, observei um casal de velhinhos se aproximando a passos lentos, abraçados e sorrindo à toa.

E, ao ver o casal no auge da idade – e da felicidade –, logo me lembrei dos meus avós. Rute e Jurandir eram veranistas dos Ingleses e tinham uma casa aconchegante a poucos metros da praia. Eu, sempre que podia, ia visitá-los no verão, mesmo não sendo necessário, visto que o bairro é um dos mais populosos da cidade e não foi difícil para eles fazer amizade com os vizinhos.

Sobre o meu avô, o que me recordo constantemente é a sua paixão pela pescaria. Na verdade, ele não era pescador, e tampouco praticava o hobby, mas ficava encantado toda a vez em que via alguém arfar a tarrafa. Sempre que surgia a oportunidade, comentava sobre a sua vontade de ir pescar em algum lugar específico da Ilha. Ali, repousando sob o calor, vi também dois pescadores jogarem a rede e trazê-la cheia de peixes. Tainhas, provavelmente, já que é a época delas.

Os Ingleses, assim como suas vizinhas Brava e Santinho, e as outras tantas praias, fazem de Florianópolis a Ilha da Magia. Possuem belezas pares, cada qual com as suas particularidades,que encantam nativos e visitantes. Afirmo com todas as minhas convicções: Floripa oferece não só belas paisagens, mas também uma energia que encanta todos que moram ou passam por aqui.Não é à toa que muitos turistas acabam ficando, né?!

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do final. Praia dos Ingleses é um "clássico" ;).

JAIR disse...

Sabe quando talento transcende...é isso aí, parabens!!!