quinta-feira, 4 de abril de 2013

O craque do jornalismo esportivo catarinense

Repórter Ping-Pong

Polidoro Júnior visitou a Unisul, onde foi sabatinado pelo repórter Ping-Pong
Ele já vestiu várias camisas da imprensa esportiva catarinense depois que resolveu ingressar na profissão. Passou pela TV Cultura, TV O Estado e RBS TV. O clube, digo, o veículo onde mais atuou foi a Rádio Guarujá. Foram mais de cinco passagens (ele falou que eram seis ou sete, perdeu as contas). Também esteve na Rádio CBN Diário, na Rádio Guararema e na extinta Diário da Manhã.

Quando criança, em 1972, assistiu ao jogo do Pelé de Santos contra o Avaí, no antigo estádio Adolpho Konder, onde hoje está localizado o Beira-mar Shopping. Desde sempre apaixonado pelo futebol, chegou a passar num teste para o infantil do Avaí, mas a mãe não deixou ele virar profissional.

Polidor Júnior, o nome já denuncia, é filho do radialista Dakir Polidoro. A responsabilidade é grande e ele diz ter honrado o nome do pai. É um jogador frustrado, mas um craque do jornalismo esportivo. Escreveu o livro Futebol, o Jogo da Memória: um estádio no coração da Cidade e revela que outras publicações vêm por aí. Hoje é colunista do jornal Notícias do Dia, apresentador e radialista. Polidoro está escalado para a Copa das Confederações, e ao lado de J.B. Telles, representará a imprensa catarinense no evento sediado no Brasil em junho de 2013.

Repórter Ping-Pong - Fale sobre sua escolha pelo curso de Redator Auxiliar no Instituto Estadual de Educação.

Polidoro Júnior - Na verdade, meu pai, Dakir Polidoro, tenho que começar com ele. O pai já trabalhando na Rádio Diário da Manhã, na época, e eu ouvindo, vendo ele sair pra trabalhar. O outro meu irmão, Polidoro Sobrinho, escutava jogos pela Rádio Globo e pela Tupi. Então comecei a observar as coisas e fui fazer o curso de Redator Auxiliar no Instituto. Morávamos no centro, na General Bittencourt, e fui pro Instituto que era o grande colégio da época. Isso foi em 77, 78, por aí.

Como eu já queria fazer jornalismo e sempre fui um cara que praticou esportes. Jogava futebol de areia, batia bola na rua, pelada de praia eu gostava de futebol. Como morávamos no Centro, o Adolpho konder era o campo de todo mundo. O estádio era aberto, todos brincavam. Não é como hoje a Ressacada e o Scarpelli que pra entrar tem que pedir até pro papa. Então, eu comecei a entrar nessa e resolvi fazer o curso de redator auxiliar.

Quando me formei, tinha a opção de fazer outros cursos, mas eu queria ir pro jornalismo. Nesses tempos, eu já comecei a ouvir as rádios do Rio e São Paulo. É que meu irmão namorava a atual esposa dele e ela é de Criciúma. Eu sabia que a hora que ele desse brecha chegaria a minha vez. Dito e feito! Um dia, ele foi a Criciúma, deu problema no trânsito, na BR 101, e ele não conseguiu voltar. E aí o pai falou: escuta os jogos e amanhã vais entrar na Hora do Despertador. Eu com 14 anos. Dali em diante, já fazendo o curso de redator auxiliar, e como ali a gente praticava de tudo um pouco, livro, poema, rádio, imitávamos TV ao vivo, isso deu embocadura. E assim foi meu inicio na rádio.

Ping - Seu blog me disse que você atua há 33 anos no jornalismo esportivo.

35 na verdade! (Grifo do entrevistado).

Ping - Opa, tem que atualizar! Foi repórter, setorista e hoje é apresentador de programa esportivo e comentarista. De onde veio essa paixão pelo esporte? Tu queria ser jogador e não conseguiu?

Polidoro Júnior - Queria! Queria. Passei num teste no Avaí. Aí passei no teste pro infantil. E falei: pronto é o que quero. Eu jogava bola de manhã, de tarde e de noite. Com 13, 14 anos. E aí a mãe falou: não, vais estudar! Virei um jogador frustrado. E virei jornalista. Já estava tudo na veia. Sempre fui inquieto. Eu vendia picolé nos estádios pra poder entrar e ver o jogo. Até isso eu fazia. Futebol está na veia é minha paixão é o que eu faço há 35 anos e não vou mudar nunca.

Ping - Você é um versátil comunicador, atuante no rádio, na tevê e na internet. Como faz para manter a qualidade do seu trabalho nessas diferentes mídias?

Polidoro Júnior - Tenho que ser eclético, versátil e não posso ser repetitivo. Porque hoje, o próprio conhecimento do torcedor e do internauta pode me engolir. Se eu der migué na informação o cara já me corrige na hora.

Eu procuro diferenciar. No blog é uma postura em que eu consigo trabalhar melhor as fotos antigas que é a seção Túnel do Tempo. Tenho um arquivo de 9.000 fotos antigas. Ninguém tem esse arquivo. Eu sou um cara que vasculha muito e vou atrás. Vou a casa de ex-atletas, viúvas de atletas, viúvas de dirigentes. Acabei de conseguir o álbum completo do jogo entre Avaí e Santos que é, simplesmente, o único jogo do Pelé em Florianópolis. Em 2014, vou lançar um livro com essas imagens.

No jornal trabalho bem a questão de notas curtas e polêmicas. Estou há seis anos no ND. Fui convidado pra entrar no início do jornal. Mas queriam que eu fizesse uma coluna exclusiva sobre o Avaí. Não aceitei porque queria poder falar de todos. Não sou só torcedor do Avaí. Ele é meu time do coração, mas hoje na profissão eu não posso falar só sobre ele. E aí, um ano depois, me chamaram e comecei a falar sobre todos os clubes.

Na TV o comentário que eu faço no SC no Ar, é engravatado e de terno. Aliás, eu não serviria pra ser advogado porque odeio usar terno. Quando termina o programa eu já tiro o terno e a gravata. Mas faço o comentário que é pra todo estado.

Na rádio é outro Polidoro. É o cara eclético, que conhece a cidade, que fala, polemiza e põe o ouvinte no ar. Sou líder de audiência na rádio hoje, passei o Hélio Costa. Num contexto geral, eu entrevisto ministro, governador, deputado, falo da rua da Dona Maria, falo com o seu Zezinho do bairro x. Temos também a unidade móvel, tem esporte. Tem tudo. Isso aí revela um outro lado que eu comecei a fazer. Comecei esse trabalho na Guarujá, no programa Conexão da Manhã.
   
Memória

Ping - O Jornalismo, na sua casa, atravessa gerações, pois você é filho do jornalista Dakir Polidoro. Fale sobre seu pai. Ele te influenciou? Serviu de espelho? O que te ensinou?

Polidoro Júnior - Eu tenho uma responsabilidade com o nome dele muito grande. Quando eu era guri, 14 anos, nem pensava nisso. Hoje, 35 anos depois eu honrei o nome dele. Não me espelhei nele, porque somos diferentes. O pai só narrou um jogo. Eu fiz só esporte. Agora que faço o jornalismo geral. E o pai também não fez televisão e jornal, eu já faço.

Mesmo assim, a responsabilidade é grande. Eu tinha nele o pai e não o ídolo do rádio, porque eu não conhecia direito e não tinha a noção de quem era Dakir Polidoro. Quando entrei na Diário da Manhã, numa segunda-feira, em abril de 1979, eu comecei a circular com ele pela cidade. Ponto Chic, Mercado Público, Bar do Bebe Água, Rodoviária Velha, ai eu vi: opa! Ele é o cara.

Ping - Vamos falar sobre teu livro. Além de textos, você usou e abusou de fotografias. Como foi a elaboração desse projeto? Você trabalhou sozinho nele? Levou muitos anos pesquisando?

Na verdade, eu vivi esse estádio. Como meu pai era político, ele não ia ao estádio. A gente morava perto e então eu comecei a frequentar o estádio. Isso eu já tinha passado naquele teste pro Avaí, fui também como torcedor de arquibancada e depois fui pra transmitir jogos. Então passei ali todos os estágios: jogador, torcedor e radialista.

Eu não poderia deixar de fazer o álbum que conta parte da minha vida. Há uma foto nesse álbum, de 1972, eu com 8 anos de idade. Essa foto meu pai sempre dizia que existia, mas eu nunca achava. Como foi encontrado o álbum daquele jogo, o menino de oito anos com o Rei Pelé em 1972, sou eu. 40 anos depois, chegou a foto na minha mão pra eu confirmar.

Polidoro Júnior, focou os olhos na chuteira do Rei. Que momento!
Toda essa história linda que eu vivi eu consegui reunir em 80 páginas e 200 fotos. Eu tenho 9.000. Vou fazer uma segunda edição ano que vem, porque nessa primeira, 400 imagens ficaram de fora.

Ping - Você disse que pretendia presentear a cidade com um livro e escreveu esse sobre o estádio Adolpho Konder. Entretanto, o valor da obra é inacessível. R$ 100 é uma pancada pra nós humildes jornalistas e para aquele torcedor mais simples. Por que o livro ficou tão caro?

Polidoro Júnior - Ficou caro porque custou R$ 160 mil. Eu queria fazer um livro pra marcar e um livro diferente de tudo que tem aí. Livro igual ao meu não tem na cidade. Se você pegar o que fazem, escrevem e publicam sobre futebol, geralmente é aquele livro comum de cabeceira, com foto sem destaque e maioria em preto e branco. Estou falando porque tenho vários livros em casa daqui e do exterior. Eu queria fazer um livro diferente. É um livro pra poucos. Pro cara realmente ter em casa uma relíquia. É pra colecionador.

Quem viveu aquele tempo do Adolpho Konder, eu sei de relatos porque me falam. As pessoas choram e se emocionam, porque lembram daquele passado de Florianópolis. Falam de como era romântico ir pro estádio. Qualquer pessoa entrava, Figueirense e Avaí ficavam juntos, não tinha divisão de torcida, não tinha 200 policiais em campo. Foi esse tempo que eu quis resgatar.

Ping - Agora acho que não vais conseguir responder, heim. Você conhece a história dos clubes de remo aqui da Capital?

Polidoro Júnior - Claro! Além do futebol, meu pai incentivava a gente a praticar esporte. E aí fui remador do Martinelli. Fui patrão, aquele cara que conduz a embarcação. Eu e meus irmãos, todos remávamos. Se você não sabe, o futebol não era o primeiro esporte da cidade, era o remo. O Avaí é cria do Clube Náutico Riachuello, que é azul e branco. Então quem não gostava mais de remo, foi para o futebol.

O remo, pra mim, infelizmente, é maltratado. O governo deveria incentivar e preservar a memória porque é muito fácil em Florianópolis e na região esquecer das coisas do passado. Mas eu não esqueço!

Ping - O jornalismo tem que preservar isso aí. Você não pensa em fazer um livro sobre isso?

Polidoro Júnior - Um livro sobre a história do remo?

Ping - Ééééééeééééééé!!!!!!!!!!!!!!

Polidoro Júnior - Ah interessante! Pra preservar essa memória. Nos meios de comunicação que eu tenho eu sempre cobro do governo apoio ao remo. O Martinelli está bem, diferente dos outros, está melhor. Tem até sede náutica.

Ping - O maior astro do esporte catarinense dava raquetadas em bolinhas em vez de chutar a redonda pro fundo das redes. O Guga também não merecia um livro? Essa ideia já te passou pelas ventas?

Polidoro Júnior - O Guga já tem um livro!

Repórter desinformado é fogo!
Ping - E você não gostaria de escrever um livro sobre ele?

Polidoro Júnior - Hoje em dia, passa por uma série de autorizações. O Guga tem contrato assinado com a RBS.

Ping - Que coisa chata, não?

Polidoro Júnior - É uma coisa chata, sim. Hoje até Avaí e Figueirense dão entrevistas só quando querem. No meu tempo era todo dia, toda hora. Quando eu quisesse. Ainda bem que parei de ser setorista porque eu ia me incomodar um bocado.

Esporte catarinense

Ping - A gente está acostumado a ver nas peladas de colégio e na rua bons garotos de bola que não chegam ao profissional. Por que Figueirense e Avaí não conseguem montar elencos de expressão nacional? Eles não sabem investir na base?

Polidoro Júnior - Eles poderiam investir mais na base, mas hoje é tudo do empresário. O empresário é quem tem a parceria grande, ele detém o direito federativo dos atletas. Os clubes querem ganhar muito e querem ganhar logo. Quando surge um jogador eles já estão logo pensando em cifrão, em reais. Futebol mudou muito até nisso. E mudou para pior.

Ping -Não pode ficar em cima do muro. Quem será o campeão catarinense de 2013? No máximo duas opções, heim?

Polidoro Júnior - O futebol está tão fraco que achei que seria a Chapecoense uma boa opção e o Figueirense a segunda porque não acreditava na ascensão do Avaí. Como o futebol está muito instável, Criciúma deu uma melhorada, o Joinville chegou. Ah! acho que dependendo do clássico, acho que Figueirense ou Avaí, um dos dois será o campeão!

Ping - Vamos escalar a sua seleção catarinense de todos os tempos?

Como assim?

Goleiro: Adolfinho,
Lateral Direito: Pinga,
Lateral Esquerdo: Orivaldo,
Zagueiro: Reginaldo,
Zagueiro: Veneza,
Meia: Balduíno,
Meia: Valério Matos,
Meia: Zenon,
Meia: Teixerinha,
Atacante: Toninho,
Atacante: Sauzinho

No segundo tempo, entrando Albeneir

Ping - O mais difícil, e o técnico?

Polidoro Júnior - Aqui no futebol catarinense, de olhos fechados, é o Lauro Burigo. Ganhou tudo que pode. Era polêmico, arrumava confusão. Eu adorava entrevistar o Lauro. E o árbitro, pra mim, é o Dalmo Bozano.

Ping - Não tem, na tua seleção, nenhum jogador da atualidade, no máximo o Edmundo, que é de 2007. O que aconteceu com o futebol catarinense? Caiu a qualidade?

Polidoro Júnior - Caiu dos anos 2000 para cá. Porque até a década de 1980, essa turma que joga aí hoje, nem engraxava a chuteira dos caras de antigamente. E olha que eles jogavam em gramados horríveis, com chuteira horrível. O uniforme ficava grudando no corpo porque o material era outro. Os que jogavam antigamente eram craques de bola. Os de hoje é só preparo físico e enrolam mais do que jogam.

Ping - E o mais fácil, depois do Polidoro, quem é, ou quem foi o melhor comentarista esportivo do Estado?

Polidoro Júnior - Na verdade, pra mim, ele é meu primo em segundo grau, foi meu chefe durante muitos anos, foi a minha referência, é o Roberto Alves. Ele é o grande cara da mídia. Como comentarista bom, Badu sabe muito e Rui Guimarães também sabe demais.

Ping - Pra encerrar, o que o telespectador da Ric pode esperar do teu trabalho na Copa das Confederações?

Polidoro Júnior - Vou fazer uma cobertura como fiz na Copa América. Não posso entrar no campo. Estarei na parte de imprensa. Farei cobertura nos locais de competição, na sala de imprensa da CBF, nos treinamentos do Brasil. Vou atrás da minha seleção. Vou para os três jogos da seleção: Japão, México e Itália. Além de deixar o público bem informado sobre as novas arenas do Brasil, nessa nova etapa do futebol brasileiro, aliás acho que a partir daí, talvez melhore nosso nível técnico.

Vou acompanhar também os catarinenses que lá estarão mostrando quem são os catarinenses na competição. Os bastidores. Quero mostrar os amantes do futebol que deixam a família, emprego e que vão lá curtir a Copa das Confederações. Isso é único!


Foto 1: Repórter Ping-Pong
Fotos 2, 3 e 4: arquivo pessoal de Polidoro Júnior
Foto 5: do magnifico universo da internet:
Foto 6: Seção Que fim Levou?, do amigo Milton Neves

Um comentário:

Jorge Santiago disse...

Muito boa a entrevista, Polidoro Júnior sempre polêmico e divertido. Faz parte da história da cidade, um típico manezinho! Só faltaram alguns jogadores da época atual na seleção, já que vivemos na última década a melhor fase da história do futebol catarinense.