sábado, 9 de março de 2013

O impraticável trânsito de Florianópolis

Horas e horas nas filas denunciam a desastrosa mobilidade urbana da cidade

Eu até pensei em falar sobre o dia internacional da mulher, mas o engarrafamento ganhou na minha estatística interna de pautas possíveis. Essa semana foi a maior prova de paciência no trânsito de Florianópolis que já tive na vida. Foram horas e horas que escorreram pelo ralo em meio aos afáveis e aconchegantes escapamentos cinzentos.

Segunda-feira, 4 de março de 2013. Saí de casa, pegando a linha 665, Abraão, perto do meio-dia. Precisava seguir o caminho para a Udesc, que se localiza no Bairro Itacorubi. Ou seja, é um bom pedaço até chegar ao destino. Mas, apesar do calor absurdo, não tive grandes problemas. No retorno, peguei a linha 184, Udesc via Beira-mar, às 17h. Por azar não havia lugar para sentar e fiquei em pé durante uma hora e dez minutos para atravessar um trecho que em outros tempos até Canasvieiras demoraria, no máximo, vinte minutos. 

Não bastou! Assim que chegamos ao trecho final do percurso, em frente à rodoviária - e eu achando que estava tudo certo, pois faltava pouco para desembarcar -, a fila estranhamente ficou parada por quase meia hora no mesmo lugar. Eu disse: quase meia hora a poucos metros do terminal do Centro. Claro, as pessoas, angustiadas e olhando os relógios nervosas, pediram para o cobrador abrir as portas. Sim, eles iriam andando aquele trecho.

As pessoas sabiam que demoraria mais uma eternidade para chegar. O cobrador simplesmente deu uma risada como se aquela fosse uma situação descabida. Bom, pelo que tenho visto no Transporte Coletivo da cidade eles só podem abrir as portas para os passageiros descerrem no ponto destinado para isso. Caso contrário, nada feito. Mas será que aquela ocasião não era especial? Nem sei se a decisão foi certa ou errada.

As pessoas pagaram as passagens para chegar até o TICEN, mas de tanto estresse elas não queriam nem saber de mais nada. Desejavam apenas descer do ônibus para economizar tempo. Nesse instante, fiquei com uma certa raiva do cobrador e do motorista. Eu mesma estava louca para sair e me livrar de todo o incômodo e gente encostando. Mas, não teve jeito. 

Em outra ocasião, quando também fiquei cerca de uma hora e dez minutos na fila para um trecho pateticamente curto, tive a oportunidade de ir sentada. Dessa vez, estava chovendo e ficamos parados no mesmo lugar: em frente à rodoviária. Olhei aquilo com uma indignação interna (novamente perderia meia hora parada). Nem a música me acalmava mais, a paisagem repleta de prédios só me fazia contar os andares seguidas vezes. Avistei as pessoas com expressões exaustas, fadigadas de tanto esperar.

Olhei um dos passageiros e ele alongava a mão que mantinha para se equilibrar. Minhas costas doíam. Ouvi uma voz no início do ônibus: era outro passageiro pedindo para abrir as portas. Poucos segundos depois, como uma avalanche, várias pessoas do ônibus queriam descer junto. Dessa vez, o cobrador cumpriu o desejo dos passageiros. A sinaleira estava fechada e uma quantidade assustadora de pessoas começou a descer na avenida. O sinal abriu e as portas ainda estavam abertas. Os motoristas não queriam nem saber, passaram tirando poeira das pessoas que atravessavam. Só se ouviam melodiosas buzinas. Todas desesperadas com horários à cumprir.

Cheguei a conclusão que a cidade está impraticável. É frustante como a mobilidade urbana é terrível em Florianópolis. Em todo lugar há filas intermináveis, estressantes e desgastantes. Se você vai para o continente, há quilométricas filas na BR-101 e 202. Você ainda tem que conviver com espertinhos tentando podar pela direita e achando que estão levando vantagem. Se resolve escapar para Ilha, fica preso nas não-sincronizadas sinaleiras da beira-mar e no novo viaduto que não serviu para quase nada.

Isto me indigna, afinal, Florianópolis tem uma empresa pioneira em Sinaleiras inteligentes, exportam para todo lugar e aqui que é bom não há nenhuma. Prefeitura, por favor? O novo prefeito pretende trocá-las em breve. Aguardemos! Fico mais triste, como manezinha legítima, com o descaso e má educação do próprio povo. Minha ilha da magia não era assim, eu poderia atravessá-la em dez minutos há alguns anos. Torcemos por uma mobilidade urbana mais satisfatória.

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