quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dossiê Estopim - O último golpe

Faço deste texto meu último golpe por dentro das entranhas deste blog. É fato que tenho certa inclinação a essas intrigas subcutâneas - senão não despenderia tanto tempo a confecção de Dossiês - intrigas as quais, caros leitores, vocês só veem o resultado pouco coerente que a tez do Estopim expele. Pois bem, torno público meu derradeiro ardil, anunciando minha saída não em sínodo estopiniano, mas sim, diretamente a todos que quiserem dela presenciar.

Claro, tudo não passa de uma brincadeira bem armada, um modo de instaurar um caos ao qual vejo graça. Mas é um simples prazer egocêntrico que vocês, olhos atentos nas linhas, não vão presenciar. Começo publicando sem passar pelo revisor, abusando do poder que me foi dado, e rio por dentro ao escrever essas linhas. Mas acalme-se, nada dessa situação é tão sádica e tão amarga quanto faço aparentar, se desejam um real porque de minha partida, é parvo: me apego ao fato desse filho pródigo ter alcançado sua independência com seus escritores, e estar funcionando como um belo relógio de bolso, com suas complexas engrenagens.

É claro, nós ainda não somos tudo o que desejamos - e falo na primeira pessoa do plural, pois nesse momento ainda invado as páginas do Estopim - mas conseguimos alcançar a organização devida, esta mesma na qual não trabalho muito bem, prefiro o caos que dá forma a coisas absurdas. Mas a intenção não é falar só sobre mim, apesar de ser difícil separar os enredos, já que os dois chegam ao mesmo ponto que quero expor. Pois bem, por muitas vezes fui contra estabelecer um foco para este blog, mas claro, que hora ou outra, isso seria concretizado, afinal, se queremos nos afirmar como marca, precisamos de nossas próprias características. 

Por muitas vezes achei que o caos, a ironia e a irreverência poderiam ser essas características mas nós sempre trabalhamos com o que estava ao nosso alcance, e não, pescando pessoas com perfis que complementassem nossa ideia. Dependemos sempre da boa vontade de colaboradores, ou seja, a única coisa que nos une aqui é a autopromoção.

Mesmo assim, volto a dizer que a organização foi alcançada. Esta mesma organização que me soa agora tão asséptica, com todos mandando seus textos nos prazos e aperfeiçoando seus papéis de jornalistas - sem querer ser maniqueísta - alguns para o bem, outros para o mal, mas que não me vale julgar. Enfim, vejo nesses novos tempos de Estopim, os problemas e as intrigas de forma clara, quase inexistentes e, nesse ponto, eles perdem a graça. Sinto, sem querer sentir, o insonso de nosso interior, tão limpo e individualista, tão... jornalístico. 

Sei também que essa dita organização e esse foco não são plenos, como toda mídia, nossos discursos sobre nossos veículos - editoriais, dossiês e o raio que o parta - não passam de papo furado para defender-se de imbecis e atrair a atenção de leitores, mas nada disso me incomoda. Me incomoda, minha própria participação, resumida aos afazeres comuns e não mais querendo edificar um obelisco com um E gigante. Não tínhamos forma, e na busca por catalogar aquilo que é amorfo acabamos criando, não uma forma nova, mas várias formas clichês ajuntadas; e perde-me o valor por saber que faço parte daqueles que ajudaram a catalogar. 

Os jornalistas em útero foram paridos, enquadrados na forma que desejavam, mas que a juventude não previa. A vontade dos mesmos parece ter se dissipada, e agora não falo tanto por mim, mas por aqueles que se tornaram o que pretendiam e pararam por aí. (Isso não é um aspecto negativo, vale ressaltar, é uma consolidação daquilo que se pretende, muitas vezes pode ser chamado de amadurecimento, mas há vários tipos de amadurecimento, e neste em específico, acho que não quero compactuar).

Por fim, sei que talvez todo esse meu egoísmo gere problemas para esse sítio que desejo tão bem, mas meu tempo parece ter passado aqui dentro, minha colaboração chegou ao fim. Organizei e compartilhei o que coube a mim, agora acompanharei o futuro desse querido infante que é o estopa, do mesmo ângulo que você que lê minhas últimas linhas aqui. Saio assim, sem rancores, sem picuinhas, sem desdém por brigas internas, mas mesmo assim, saio do meu jeito, brincando mais uma vez com as palavras, como sempre prezei fazer aqui dentro.

Para os patotenses que também receberam essa notícia agora, um dizer tirado do mundo do espetáculo:

"O show deve continuar..."


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