terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Antigo diário

Pequeno, pautado, costurado ou encadernado, que menina nunca teve um diário?

O maior confidente de uma mulher é aquele que guarda todos os seus segredos calado, sem emitir pitaco ou opinião. Tão famoso no século passado, o diário não é apenas aquele que pacientemente atura todas as magoas e ilusões, mas também esconde os mais profundos sentimentos dentro de páginas borradas. As conversas mais íntimas são dialogadas dentro das brochuras que reúnem todo o âmago de um ser.

Dentro daquele quadrado pautado, há um mundo de possibilidades para se escrever sobre impressões e concepções. Nele, ninguém será julgado ou dirá que está errado. Com uma caneta na mão se é livre para dizer tudo o que se pensa e contenta. Informações secretas sobre nós mesmos e confissões, que não faríamos a ninguém, são grafadas em suas linhas.

Guardado sobre sete chaves, todo nosso registro de vida começa dentro deste caderno, que resguarda a maioria de nossas impressões sobre os acontecimentos pessoais. Lembranças que como areia se perderiam no tempo, são conservadas com afinco, pela tinta que transladou momentos da nossa memória para o papel.

As palavras escritas tornam corpórea toda a imaginação que se passa dentro da consciência. Entre uma confissão e um desabafo, o arquivo de nosso escrito torna-se uma reflexão. Com fome de poesia, música e amor, catalogamos em todas as histórias contadas os amores perdidos, loucas paixões, desencontros e casos de verão. Devaneios de uma mente pueril.

Com o passar dos anos, essas páginas tornam-se perdidas pelo cotidiano, nunca mais são escritas ou apreciadas. O diário torna-se apenas um lugar de visitação.


3 comentários:

Kenji disse...

Muito bom!!! Falou pouco e bonito!! Parabens mais uma vez Bianca!!!
Beijo

hhbrasil moda+arte+decor disse...

ah! tenho muito a falar sobre isso... Uma vez um amigo, inimigo ou coisa que o valha me disse: Temos memórias, e as que não temos nós inventamos. Fiquei um tempo digerindo isso e tentando entender, depois recorri aos meus diários, aonde o ilustríssimo palpiteiro também reside, e descobri que sim, muito das memórias ali registradas parecem ter mudando com o tempo, na verdade nós que mudamos e a cada fase as memórias também são transformadas pela nossa nova percepção da vida. Então é bem difícil estabelecer aonde ficam os fatos e aonde ficam as memórias. Ter um diário é muito legal pois te transporta a tua própria visão de mundo naquela época que escreveu e muitas vezes eu leio meus diários de 10, 15 20 anos atrás (sim porque eu sou tia) e penso: nossa como eu pensava isso! hauahuahauahua
E já que sou tinha, eu tinha um sótão e já que eu tinha um sótão coloquei tudo à venda: http://nosotaodatiatinha.blogspot.com me visitem.

hhbrasil moda+arte+decor disse...

Outra coisa sobre diários, depois do advento da digitalização de nossas vidas eu pensei em continuar a minha sequencia de diários de uma forma digital, tentei blog para eu somente ler, tentei arquivo de world, tentei onenote, e sabe que nada levei a diante. Primeiro, porque parece que o ato de escrever com a caneta ou lápis é mais pessoal, intimista. Depois porque esconder o caderninho aonde ninguém possa ver, e sempre ter a impressão que alguém possa ter lido, faz parte do processo de assumir, declarar e temer...Além disso os arquivos se perdem, ou os provedores se mudam, ou as mídias não valem mais e tudo se perde. Isso é um objeto de estudo bem interessante sobre comunicação: por mais que os meios digitais guardem e acumulem informações e dados, parece que tudo se perde muito mais facilmente que antes.