sábado, 24 de novembro de 2012

Retrovertido pensamento retroverso

De costas para o mundo, de mal com a vida, de bem com a verdade. Ser humano retrovertido?

Cabeça pensante. Que redundância. E tem cabeça que não pensa? Tem, sim senhor. O pensamento é a coisa mais maluca e inteligente que eu conheço. De onde já se viu alguém pensar uma coisa totalmente diferente da outra? Eu fiquei pensando e cheguei a conclusão que estou achando o oposto ao que você está pensando. Ou talvez pior, não tenha nada compatível com que você, sujeito que lê o texto, está matutando. A única coisa que nós dois concordamos é quanto ao número de gerúndios que possuem minhas frases. Errado?

Em um desses episódios que deixa você, como dizem: “de cara” (ou para os mais engomados “de face”), foi tempos atrás em que precisava fazer algo. Comecemos juntos, sujeitinho que lê o texto: eu precisava fazer algo, mas sabia que uma pessoa não gostaria. A primeira coisa que você pensa é: o que posso fazer? Não deixarei de fazer pelo motivo que esta tal pessoa acredita. Pensamento individual. Você, eu, seu pai, sua avó (não, sua avó ainda pensa que deve acatar a decisão de alguém que considera “superior”. Ou não, talvez a sua bisavó, avós hoje são melhores que nós) acreditam em seus ideais e “só lamento” para quem não concorda, certo? Claro, tirando as pequenas ponderações e conversas que nunca levam a nada, geralmente os indivíduos, hoje, decidem suas coisas por si.

Pois então, sujeitinho. Lá fui eu quebrar o coco para tentar achar uma forma de resolver a questão (você, estrangeiro, que lê isso: não leve ao pé da letra - se é que você sabe o que significa levar ao pé da letra, já que isto também é uma forma de expressão -, não fui quebrar coco nenhum. Pelo que me consta ainda não estou no trabalho braçal, apesar da minha profissão “derêderê” não fugir muito disto. Enfim, não vou quebrar coco e não leia isso como cocô. Acredito que são coisas bem diferentes também). Escolhi a verdade, nada mais que a verdade. Sabe o velho ditado que mentira tem perna curta? Então, se fosse mentira não estaria perpetuando até hoje, certo? Continuemos. Contei o tal fato para a pessoa e, leitor, você não imagina a reação... A reação da pessoa foi achar que eu estava mentindo. O ser humano é tão engraçado e descrente nos outros, que preferem desconfiar a acreditar que a realidade pode ser dizível.

- Então pai, vou na praça com dois amigos puxar uma cannabis.

- Claro meu filho, com certeza eu acredito. Você está mentindo.

---

- Então pai, vou na praça com dois amigos jogar uma canastra.

- Você acha que eu sou cego? Enganando seu pai desta forma? Você vai é se juntar com os maconheiros da rua. Não negue! Sua mãe está louca contigo!

Retrovertido pensamento. Que cargas d’água alguém acredita na sinceridade hoje? Claro que não. O mundo está tão descrente e melado com uma superfície grudenta de mentiras simpáticas que falar a verdade na “cara dura” virou uma brincadeira. Com certeza a pessoa não vai acreditar se você disser a verdade límpida: tem “treta” nesse negócio. Não tem aquele ditado “quando a esmola é muita o santo desconfia”? Pois então. A esmola é a verdade. Ironia do destino, não? Vou te dar uma esmola, ser sofrido. Direi nada mais que a verdade. Mas e aí, que verdade? Se houvesse somente uma, não existiriam várias versões para o mesmo fato. Será?

Rafaela Bernardino

Nenhum comentário: