domingo, 2 de setembro de 2012

Sobre terapia, viagens e correr

Adoro revistas de mulherzinha. Não sei o que elas têm que tanto me atraem: se é o layout divertido, a abordagem mais descontraída de assuntos mais sérios (sim, revista feminina não é só futilidade!), as fotos lindas, as entrevistas...calma, pera aí! As entrevistas nem tanto. Deixe-me explicar. A maioria das entrevistadas das revistas femininas são celebridades, como você já deve saber, pessoas de bem com a vida, que se dizem super bem resolvidas com tudo e que fizeram (e muitas vezes ainda fazem) terapia por anos. Confesso que nunca entendi muito bem isso: por qual motivo essas pessoas, que devem ter a conta corrente bem mais avantajada que a minha, simplesmente não viajam por aí em vez de conversar com um psicólogo duas vezes por semana?

Acredito que seja muito mais fácil se encontrar e resolver questões que te incomodam se você conhecer coisas e pessoas novas, vivenciar outras situações. E o viajar a que me refiro não significa pegar um avião para Miami ou Las Vegas e passar o dia na Rodeo Drive andando com sacolas da Chanel e do Christian Louboutin por aí (mesmo que isso ajude – mas é só momentâneo, então descarte). As pessoas devem ser viajantes participantes, dá pra entender? E acredito que o maior exemplo disso seja a história (de mulherzinha, novamente!) da Elizabeth Gilbert, autora de Comer, Rezar, Amar, que se encontrou seu lugar no mundo depois de quase um ano viajando por três países.

Preciso deixar claro que, de maneira nenhuma, eu sou contra psicólogos e terapia – eu mesma já fiz e ajudou muito. Mas o que me ajudou de verdade foi uma coisa que eu posso comparar com viajar: correr. Depois de um tempo sofrendo sozinha e parada, quase como se eu tivesse petrificada, entendi que andar ajudava. Sabe por quê? Ir de um ponto A até um ponto B dá a sensação de que você está se movendo, indo pra frente, te faz pensar, refletir, chegar a algumas conclusões. Na época, eu não podia simplesmente viajar (e sei que a maioria não pode), então lá vai uma sugestão: corra. A vida fica muito mais clara depois de alguns minutos ou horas correndo.

Não quero que o meu nome estampe o próximo bestseller de autoajuda, mas tem um parágrafo, de uma escritora, cineasta e artista americana, chamada Miranda July, que eu imprimi e colei junto com algumas fotos que tenho no meu quarto – e que foi o que me inspirou a escrever esse texto hoje. É sobre a vida. E pode ajudar quando você tiver se perguntando coisas sobre a sua existência – o que todo mundo fará um dia, não é?

Você tem dúvidas a respeito da vida? Não está muito certo de que ela valha a pena? Olhe para o céu: ele está lá para você. Olhe para o rosto de cada pessoa com quem você cruzar na rua: esses rostos estão lá para você. E a própria rua, e a terra debaixo da rua, e a bola de fogo lá embaixo da terra: todas essas coisas estão lá para você. Elas estão lá para você tanto quanto para as outras pessoas. Lembre-se disso quando acordar pela manhã e pensar que não tem nada. Levante-se e vire-se para o leste. Agora, celebre o céu e celebre a luz dentro de cada pessoa sob o céu. Tudo bem se tiver dúvidas. Mas celebre, celebre, celebre.
Bruna Carolina

Nenhum comentário: