domingo, 5 de agosto de 2012

Tem uma francesa na minha casa

Natural de Lyon, Sandra faz faculdade em Toulouse, cidade do sul da França. Tem 25 anos, adora praia, calor, surfe e café. Por esses e outros motivos decidiu fazer um estágio no Brasil. Rio e São Paulo nem pensar. “Cidades muito grandes”, diz ela, arranhando o erre tão característico da sua língua materna. O departamento de Engenharia de Produção da UFSC, as praias da ilha e um amigo que mora por aqui fizeram com que Sandra escolhesse Florianópolis pra passar seis meses. À primeira vista ela não parece muito francesa. Pelo menos em relação aqueles padrões das comédias românticas, sabe? Não? Quero dizer que ela não usa boinas, nem blusas listradas. Ela também não fuma enquanto fala de assuntos aleatórios, nem anda de bicicleta com uma baguete na cestinha. Ela não é uma Amelie Poulain. Na verdade, ela tá mais pra uma garota californiana, com cabelos de surfista, que usa roupas da Roxy e da Abercrombie e tem aquele jeito cool de ser.

Quando ela usa o Skype com a família, eu paro tudo que estou fazendo para ouvir. Sei que parece meio stalker, mas é que não tem língua mais bonita que o francês. O jeito como eles falam o erre, o biquinho, a delicadeza. É como se eles estivessem sempre falando coisas bonitas. Mas nem sempre é assim. Na sexta, quando um francês bateu o Cielo na prova dos 50m livre, Sandra comemorou como nós, brasileiros, comemoramos uma Copa do Mundo. Ela ligou para a irmã e o francês delicado de sempre parecia mais o alemão. Era como se ela estivesse brigando com alguém. Mas o biquinho ainda estava presente. 

Sobre o português, ela ainda está aprendendo. Ela não entende muita coisa, então muitas vezes conversamos em inglês mesmo. Cobertor vira ‘cobertura’ no português da Sandra. Além disso, ela tem muita dificuldade em palavras como ‘não’, ‘então’, ‘pão’. Com ‘café’, por outro lado, ela não tem dificuldade. É apaixonada pela bebida e me oferece uma caneca todo dia. Apesar de achar o pão brasileiro bem mais ou menos, ela diz que o café é incrível. 

Estereótipos de lado, Sandra é uma garota comum, divertida e muito animada. Ela está sempre sorrindo, mesmo que a vida de estrangeiro no Brasil não seja fácil. Tomara que daqui um tempo ela consiga ler esse texto sem precisar de um dicionário do lado. Assim, enquanto ela aprende o português eu fico aqui tentando falar o nome dela direito: Sandrrrrá, com o erre bem puxado. 



Bruna Carolina

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