Um Teseu moderno no festival Varilux de cinema francês

Eis que, no Beiramar Shopping, lá chegava eu, acompanhado de um escudeiro, como dois perdidos, muito longe de pretender uma Odisséia como a de Teseu. Bem, estávamos nós no espaço do cinema, esperando a coisa toda começar, ouvindo conversas alheias, nas mesas ao redor daquele elegante café bar. No bloquinho, páginas em branco e naquele grande hall de entrada, as pessoas começavam a chegar.
Enquanto os garçons preparavam a mesa de coquetéis, fui vendo, aos poucos, os convidados aparecerem. Desde alunos de cinema, figuras marcadas da Aliança Francesa, a seres mitológicos do meio artístico catarinense. Zeca Pires e Edson Machado foram alguns destes espécimes que cumprimentei. O resto, alguns rostos conhecidos que nunca gravarei seus nomes ao certo. Sim! Não sou dos melhores jornalistas.
Na mesa separada no centro, uma verdadeira essência francesa, muito champagne e doces espalhados esperando o ataque daquelas pessoas cobiçosas. Com uma pontualidade nada francesa, às 21h31, quando a fita daquele redondel se abriu, vi 30 cabeças ávidas para entrar, como um rebanho de ovelhas, sedentas pelo álcool, todas com os olhos na mesa de champagne a fitar. Logo a porra toda encheu, e as garrafas eram disputadas com mãos segurando taças vazias, sitiando o miúdo garçom que não sabia bem quem servia.
Grupos de interesse foram se formando, pequenas patotas de conhecidos, e eu com meu bloquinho, enfrentei olhares pontudos, câmeras, seres mitológicos, filas e até uma jornalista, interessada nas minhas páginas de garrancho que escrevia. Às nove horas, em torno de 70 pessoas já habitavam aquele hall de cinema, e nada de filme ainda.
Quando a sala se abriu, não havia a mesma euforia. Mesmo não tendo lugares marcados, as pessoas entraram em passos lentos, consideravelmente tranquilas. Entrei esperançoso, para ver logo um dramalhão, pois como Horácio me disse, sou o maior defensor da melancolia.
Primeiramente, discursos e propagandas, afinal era uma abertura. Fernando Defounier, diretor geral da Aliança Francesa, dava os comunicados quase paroquiais, com aquele icônico sotaque de 'erres' e 'us'. Pois que enfim, o filme começou.
A produção de terceira maior bilheteria da frança, que Defounier definiu como "Particularmente interessante", Intouchables, de Olivier Nakache e Éric Toledano, começou esperançosa, realmente conquistando esse paupérrimo colunista que vos escreve. Depois, devo confessar, entrou em vários clichês, mas tratando de um modo diferenciado, e nada usual, a história de um deficiente. A comédia dramática é realmente divertida, e rendeu boas risadas daquele publicou que quase lotara o cinema. A trilha de Kool & The Gangs e Earth, Wind & Fire transportaram ainda mais o filme para sua essência divertida.
Eis que tudo acabou, e as pessoas se debandaram a sair do shopping já ermo. E eu, devido a trilha sonora do filme, fiquei com a memória condicionada, criei nas cenas daquele evento de abertura flash de sorriso, conversas e champagne, como em um vídeo de casamento da década passada, com um retumbante "Ba de ya..." de Earth, Wind & Fire.
Para ler a resenha de Juan F. Garces, o escudeiro que levei, basta clicar aqui
Gessony Pawlick Jr.
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