sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Epopéia francesa

Um Teseu moderno no festival Varilux de cinema francês

Como todo bom épico, esta história começa com um poeminha e uma missão. Com um heroi tirado de seu contexto, um nada intrépido repórter, um colunista fora de seu campo de atuação. Um homem impelido, por uma eufórica aparição, nossa falecida Thaís Teixeira, que lhe deu a pauta à mão. Armado até os dentes, de bloco, folhas e gravador, rumou Sebastião, a fim de fazer sei lá o que, cobrindo este evento para talvez trazer ao Estopim um pouco mais de opinião.

Eis que, no Beiramar Shopping, lá chegava eu, acompanhado de um escudeiro, como dois perdidos, muito longe de pretender uma Odisséia como a de Teseu. Bem, estávamos nós no espaço do cinema, esperando a coisa toda começar, ouvindo conversas alheias, nas mesas ao redor daquele elegante café bar. No bloquinho, páginas em branco e naquele grande hall de entrada, as pessoas começavam a chegar.

Enquanto os garçons preparavam a mesa de coquetéis, fui vendo, aos poucos, os convidados aparecerem. Desde alunos de cinema, figuras marcadas da Aliança Francesa, a seres mitológicos do meio artístico catarinense. Zeca Pires e Edson Machado foram alguns destes espécimes que cumprimentei. O resto, alguns rostos conhecidos que nunca gravarei seus nomes ao certo. Sim! Não sou dos melhores jornalistas.

Na mesa separada no centro, uma verdadeira essência francesa, muito champagne e doces espalhados esperando o ataque daquelas pessoas cobiçosas. Com uma pontualidade nada francesa, às 21h31, quando a fita daquele redondel se abriu, vi 30 cabeças ávidas para entrar, como um rebanho de ovelhas, sedentas pelo álcool, todas com os olhos na mesa de champagne a fitar. Logo a porra toda encheu, e as garrafas eram disputadas com mãos segurando taças vazias, sitiando o miúdo garçom que não sabia bem quem servia.

Grupos de interesse foram se formando, pequenas patotas de conhecidos, e eu com meu bloquinho, enfrentei olhares pontudos, câmeras, seres mitológicos, filas e até uma jornalista, interessada nas minhas páginas de garrancho que escrevia. Às nove horas, em torno de 70 pessoas já habitavam aquele hall de cinema, e nada de filme ainda.

Quando a sala se abriu, não havia a mesma euforia. Mesmo não tendo lugares marcados, as pessoas entraram em passos lentos, consideravelmente tranquilas. Entrei esperançoso, para ver logo um dramalhão, pois como Horácio me disse, sou o maior defensor da melancolia.

Primeiramente, discursos e propagandas, afinal era uma abertura. Fernando Defounier, diretor geral da Aliança Francesa, dava os comunicados quase paroquiais, com aquele icônico sotaque de 'erres' e 'us'. Pois que enfim, o filme começou.

A produção de terceira maior bilheteria da frança, que Defounier definiu como "Particularmente interessante", Intouchables, de Olivier Nakache e Éric Toledano, começou esperançosa, realmente conquistando esse paupérrimo colunista que vos escreve. Depois, devo confessar, entrou em vários clichês, mas tratando de um modo diferenciado, e nada usual, a história de um deficiente. A comédia dramática é realmente divertida, e rendeu boas risadas daquele publicou que quase lotara o cinema. A trilha de Kool & The Gangs e Earth, Wind & Fire transportaram ainda mais o filme para sua essência divertida.

Eis que tudo acabou, e as pessoas se debandaram a sair do shopping já ermo. E eu, devido a trilha sonora do filme, fiquei com a memória condicionada, criei nas cenas daquele evento de abertura flash de sorriso, conversas e champagne, como em um vídeo de casamento da década passada, com um retumbante "Ba de ya..." de Earth, Wind & Fire.
Para ler a resenha de Juan F. Garces, o escudeiro que levei, basta clicar aqui
Gessony Pawlick Jr.

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