Simplório

O normal dificultado

Às 7h da manhã, tudo igual como sempre. O telefone toca. Desce, anota o que deve, se, paciência aguarda e segue. As minhocas de metal estão diferentes hoje. Parece que passaram por buracos alagados. Estão todas encharcadas e devem estar raivosas por isso, estão soltando mais fumaça do que o normal. Parece também que os caminhos percorridos são maiores. Quando uma destas me engole, dá três voltas a mais que o normal, para em obstáculos reluzentes e que parecem reger todos os demais bichos.

Ruminado, molhado, largado e esperando por um novo invertebrado. O cenário mais parece um aquário, os mergulhadores de mentirinha, os peixes desorientados e com pressa de chegar em lugar algum, e as minhocas intrusas são as regentes agora.

Tudo permanece por muito tempo do mesmo modo, mas isso não é bom. O que se procura é a movimentação, mova-te, mova-te. Nada, e depois nada acontece, os peixes que alimentam as minhocas não podem contestar. É como se Davi tivesse criado Golias a esteroides tão fortes que o resultado é o recuo, o receio, o temor de um pequenino que derrotaria o gigante se assim quisesse.

O controle está na mão de quem? Coisa chata responsabilizar, mas é um mal necessário. Democracia, liberalismo, covardia, conformismo, e por aí segue a linha do tempo daqueles que se preocupam mais com o status alheio do que engrandecer o próprio.

Adilson Costa Jr.