segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dossiê Estopim - Why so serious?

"Estopim, palavra que ricocheteia na boca". Como esquecer meus primeiros motes de quando por aqui apareci?! Tentando já desde o começo filosofar sobre este nome tão prepotente que viemos a escolher.

Doce escárnio, que é este nome para com o que ele preserva dentro de si, de um lado esperanças explosivas, de humor, sarcasmo e vis revelações, de outro uma realidade um pouco mais morta, mais tangível, ao alcancance de nossas capacitações. Um eterno ponto de interrogação, que fica mais evidente a cada vez que resolvemos chutar mais um de nossos colunistas, uma falta de identidade vagamente cômoda - ao menos para mim que pouco me importo - uma metafórica esbórnia imprevisível, que tenta viver em paz com suas próprias rotulações, mexendo cordas invisíveis, muitas vezes incapaz de coordenar. Mórbidos e escaços leitores, devo dizer-lhes que somos simplesmente como cães que correm atrás do carros, nunca saberíamos o que fazer se alcançássemos algum (já parafaseando o filme que tem como slogan o mesmo título que esse Dossiê).

Pois que mais um daqueles que conhecem mais nosso nome do que nossos textos, vem em uma sexta-feira de muito álcool questionar se nosso posicionamento é anárquico. Mas que graça falar isso agora, entrelaçando tão bem títulos e ideias.

Realmente, pouco temos de anarquia. Nossas vagas ideias de explosões, não que caíram por terra, mas desgastaram com nossas produções diárias, e nosso nome continua sugerindo algo entre a pólvora e bala de uma garrucha antiga. E eu lhes pergunto, por que tanta seriedade com algo que lhes oferece tão pouco dela? Somos meros juntadores de frases, tentando com elas obter nosso lugar ao sol.

Talvez, também seja precipitado dizer que nada temos de anárquicos, afinal "ninguém entra em pânico quando tudo ocorre como o planejado", nossa falta de planos, nossa anarquia, não está em uma questão opinativa e sim estrutural, nosso caos, nossa falta de textos, nossas mudanças de lados, nossa simples inconstância, talvez façam jus a este nome. Não pretendo achar razão àquilo que não tem. O nome foi concebido por uma ideia, uma demagogia de jornalistas no útero, uma adolescente ideia de mudar o mundo, e, hoje, transmuto seu significado a algo que nunca nossos leitores poderão realmente tirar a prova. 

Conformem-se! Nunca seremos previsíveis. E não no sentido bom desta frase. Nossas picuinhas e discórdias superam qualquer manual de redações que um dia poderemos vir a ter. Nosso posicionamento político, seja direita, esquerda, anárquico ou conservador, que vá para o raio que o parta! Somos uma miscigenação ideológica que não aflige ninguém, ao menos que eu saiba; somos simplesmente o Estopim, como um nome dado pelos pais, no qual o hábito acaba nos caraterizando e não seu significado.
Gessony Pawlick Jr.

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