sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Sociedade dos Poetas Vivos

O filme "Sociedade dos poetas mortos", de 1989, conta a história de um professor de poesia que ensina de forma nada ortodoxa numa escola tradicionalista, formada apenas por garotos. O professor incentiva os jovens a pensarem por eles próprios e a formarem suas próprias opiniões, indo na maré contrária dos outros professores. Ele também incentiva os garotos a aproveitarem a vida, sob a lógica do Carpe Diem (aproveite o dia) e diz para fazerem o que quiserem da vida, para serem felizes. Os garotos acabam formando a "Sociedade dos poetas mortos", se encontrando às escondidas numa caverna para recitar poemas e se libertar criativamente.

Uma frase marcante do professor Keating, do filme (brilhantemente interpretado por Robin Williams) é que "Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor, é para isso que vivemos." Pois bem, o filme se chama "Sociedade dos poetas mortos", pois o grupo lia textos de poetas antigos, como Whitman, Thoreau, Shakespeare e Byron. Mas o próprio filme fala que todos precisamos de poesia para vivermos. Portanto, todos temos a poesia dentro de nós de uma forma ou de outra. Sendo assim, todos somos "protótipos" de poetas, só que alguns possuem essa sensibilidade poética mais aflorada que outros. 

Por que não cultivar a poesia dentro de nós? Por que não colocá-la para fora? Os poetas estão sumidos hoje em dia por conta da falta de tempo, de espaço, de crédito, de inspiração... Não temos muitos grandes nomes da poesia. Mas podemos mudar isso com criatividade, com espírito de mudança e com os olhares para a singularidade. Podemos ser os "poetas mortos" idolatrados no futuro por outros admiradores da arte das palavras. Mais importante: podemos ser reconhecidos agora, não só pelos outros, mas por nós mesmos, como magos da poesia. É só pensar, viver e aproveitar cada momento com olhares atentos de um flaneur. No fundo, somos todos poetas com as palavras engasgadas nas nossas gargantas, suprimidas, querendo sair. Somos os poetas vivos.

Felipe Kowalski

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