sábado, 2 de junho de 2012

Legalizando o caos

Legalizar a maconha. Pra que e por quê? Como todos sabem, hoje às 16h20 começa a Marcha da Maconha, em Florianópolis, no trapiche da Avenida Beira Mar Norte, além disso, aconteceu nos 31/05 e 01/06 o segundo seminário: “Perspectivas de mudanças na Política de Drogas”, no Auditório do CSE (Centro Sócio-Econômico) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A manifestação é um evento mundial que visa mostrar os benefícios de seu uso. O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou, em 2011, as passeatas em defesa da utilização, mas o assunto é bastante controverso entre o meio social e político.


O livro que esclarece os mitos e fatos sobre o tema “Maconha: Mitos e Fatos”, da socióloga Lynn Zimmer e do médico farmacologista John P. Morgan, trouxe diversas opiniões sobre o uso da droga. A obra foi lançada há quinze anos, mas ainda é difundida em diversos idiomas. Em uma entrevista, John Morgan afirma que passou vinte oito anos ensinando os bons e maus efeitos e ainda constata que mesmo com sua pesquisa científica prolongada, muitas coisas a respeito de seus danos não são totalmente conhecidas.

Sempre alguns factoides aparecem: você não sabe se a maconha realmente não causa câncer. Apesar de não haver nenhum registro médico de câncer causado por maconha. Nada mostra que a maconha é a porta para outras drogas (...).
Tudo bem, vamos aos fatos. O farmacologista é americano, correto? Seu país com certeza possui toda uma estrutura para aguentar os pilares de uma legalização. Isso realmente deve ser visto. O Brasil sofre com tráfico, com falta de postos de saúde em cidades interioranas, falta de profissionais qualificados, uma polícia capenga e políticos corruptos. Os outros países sofrem dos mesmos males, mas em proporções diferentes. Regularizar a maconha em sociedades que possuem uma estrutura econômica, política e principalmente social, ainda que arriscada, seria, pelo menos, mais seguro. No entanto, em um país onde se luta diariamente para diminuir as desigualdades exorbitantes, a fome extrema e uma saúde precária, legalizar seria o caos.

Há 200 milhões de usuários de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha!

Milhares de pessoas consomem, fato. Ricos, pobres, classe média, presidentes, o diabo a quatro. Mas espera um pouco: pergunte a eles onde conseguiram a droga? Com o amigo de um amigo que vende. E este amigo compra do traficante, que está lá no morro, não trabalhando, muito menos estudando, para repassar a droga que você, companheiro, quer comprar. Não basta ficar apenas no superficial critério que o crime diminuirá, o perigo de vício será menor, poderá ser usada como tratamento medicinal, que os impostos podem ser revertidos para a saúde e tudo o mais. Mas o que é isto? Vamos legalizar, assim ficaremos fora de nossas competências físicas e mentais normais, teremos problemas de saúde, mas o dinheiro dos impostos ajudará a sanar o problema. Uma ova!

O farmacologista John P. Morgan destaca que não acredita que o uso possa afetar ao trânsito, pois os usuários costumam ficar “afetados” o suficiente para andar em velocidades menores. Bom, vamos pensar: para dirigir devemos ter o triplo (para não dizer o quádruplo) de atenção em nossos sentidos. Se você usar a droga, não conseguirá nem metade disso. O risco de morrer, matar alguém, causar um acidente e prejuízos é gigantesco. Já imaginou você inocentemente voltando para casa com a família e uma pessoa sobre os efeitos da maconha bater no seu carro e matar seu filho? O que você vai dizer? Legalizaram! Não interessa se entrar na justiça e conseguir ser ressarcida com danos morais e materiais, o seu filho já era. Além disso, médicos, policiais, políticos, professores, jornalistas, engenheiros, uma sociedade com compromissos e tarefas importantes terão livre acesso ao uso. Quem garante que eles não aparecerão drogados para uma palestra, uma cirurgia ou entrevista? Seu nível de vício não é o maior, mas ainda é de se prestar atenção.

Isso não é brincadeira. Não envolve apenas debates e conversinhas. Caiam na real: se regularizar uma, as outras serão mera questão de tempo. Quais seriam os argumentos para não banalizá-las? O traficante do morro não vai entender que a maconha foi legalizada porque faz menos mal e que as outras são proibidas. Eles vão querer mesmo transformar tudo em uma coisa só e ganhar mais dinheiro. Já pensaram nisso? Não sejam bobos (com o perdão da palavra), o tráfico não vai diminuir, vai aumentar! Só que em meio à população, no nosso meio, eles estarão por aí vendendo livremente. Se você não concorda com este ponto de vista, então pensaremos pelo outro: entrará no comércio legal, terá lojas especializadas, correto? Do que os traficantes que vendem maconha vão viver? Com uma loja muito limpa e cheirosa (e principalmente legalizada), porque diabos você, dondoca, iria comprar de um traficante? Então, minha amiga, ele irá começar a vender drogas mais pesadas para manter-se. E aí, Zé?

Até esportistas se envolveram com o fato: Michael Phelps foi punido depois de ser fotografado usando maconha

A coisa não é fácil e nem simples. Ainda me espanta ter nomes de pesos envolvidos nessa falácia. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Ernesto Zedillo e César Gaviria defendem o uso da maconha. Que decepção! Em uma reportagem na Revista Época , o ex-presidente colombiano Gaviria afirmou, no Rio, que o seu país fez de tudo, até violou direitos humanos na empreitada para acabar com o tráfico. Certo, mesmo com os poderosos U$6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, o cultivo da coca continua. Mas companheiro, vamos pensar: se você legalizar a maconha, do que diabos essas pessoas que vendem vão viver? As indústrias irão transformar isto em comércio, vão contratar pessoas (como seria a forma de proteção? Teriam contato com a maconha no período de oito horas diárias?) e simplesmente as drogas mais pesadas, como a cocaína, iriam substituí-la.

Não vamos dizer que não existem seus lados positivos, mas eles não conseguem bater os lados negativos. Tudo bem que a maconha não é a mais nociva das drogas (tabaco e álcool são inclusive mais perigosas), mas ainda assim é perigosa, e como é! Se já estamos com problemas com as legalizadas, para quê trazer mais um perigo? Para você puxar o seu fuminho sem ser incomodado? É o fim do fim, definitivamente.


Rafaela Bernardino

9 comentários:

Matheus Mariath. disse...

Excelente texto, parabéns.
É esperançoso ver que há no âmbito acadêmico pessoas atentas às consequências das diretrizes que regem a banalizada opinião pública - no caso em tela, a questão da legalização da maconha -.
Muito bem colocado quando você realça a problemática do aumento do tráfico. Apenas faria um adendo concernente ao fato de que legalizando a maconha, você iria despenalizar também o crime de tráfico desta droga, que foi anterior à legalização, uma vez que a lei irá sempre retroagir em benesse do réu; porquanto legitimando tacitamente a prática de todas as atrocidades colaterais cometidas em razão dessa contuda, ora descriminalizada.
Por fim, destaco e deixo ao nobre pensar dos leitores do Estopim, o ponto mais fundamental da problemática, qual seja, quem irá lucrar com essa medida?

Marcelle disse...

Achei um pouco exagerada sua colocação rafitha hahaha
Eu não defendo a legalização sabe, mas nunca que a maconha transformaria o país em um caos, até porque quem quer comprar hoje em dia compra, sendo proibido ou não. E se formos pensar assim, um médico, engenheiro ou qualquer outro cidadão pode ir trabalhar bebado ou chapado hoje mesmo, isso vai da pessoa e de sua consciência, e não do consumo ser ou não legalizado. E outra coisa, nenhum traficante que se preze vende só maconha, maconha nem dá tanto dinheiro para eles assim, já que ela é a que menos vicia, então não trás "clientes" assíduos.
Em questão da segurança nas estradas, seriam provavelmente criadas leis, assim como a lei seca, só que para a cannabis.
Na minha opinião a única coisa que mudaria é o fato de que a droga seria vendida em farmácias, conveniências e não mais por traficantes,mas ainda assim o tráfico continuaria. Acredito que o consumo não iria aumentar tanto, afinal se você quer comprar hoje como o próprio Gabriel Pensador diz em sua música: é mais fácil que pão.
E sabia que pode parecer loucura, mas muitos usam essa droga pelo simples fato de ela ser ilegal? Porque é "divertido" ser fora da lei? Pois é. Mas é verdade.
Liberar ou não liberar? Realmente é uma pergunta que provoca polêmica. Mas dizer que a liberação levaria ao caos é um certo exagero.

MarofaMan disse...

Em primeiro lugar, estrutura econômica política e social estáveis nos EUA? ? ? Em todos esses planos Os EUA se encontram numa situação conturbada, e mesmo que apresentasse estabilidade, esses planos são mto voláteis, ora estao estruturados, ora ocorre uma ruptura que venha a subverter o quadro. O Brasil sofre com o tráfico, bom, se a maconha é usada pela miríade dos usuário de drogas, legalizá-la certamente seria benéfico no combate ao trafico. Se é uma porta para drogas mais forte? Ora, hoje em dia, se o acesso a maconha é fácil, quem diria as outras drogas.. não digo que é plausível legalizar as mais nocivas, mas temos q ter discricionariedade para distingui-la das demais... Vamos repensar os valores da sociedade, ainda vivemos essa onda obsoleta da boa moral e dos bons costumes, esses que um dia estabeleciam leis punitivas a mulher que traia, dentre outras caretices que insistimos em mantê-las sem ao menos avaliarmos o porque a reputamos tão ultrajante a sociedade. Superficial critério de que o crime diminuira? VOce acha esse motivo superficial? ? ? ?
Porque a sociedade tem que parar de consumir uma droga, que das tantas difundidas na sociedade é uma das mais brandas, para se adequar a uma lei obsoleta que nos tempos d hj só vigora para atender ao capricho de moralistas e conservadores? Competencias físicas e mentais anormais, problemas de saude hahahah com certeza vc nunca fumou um baseado!!! Por esse parâmetro, deveríamos, como sociedade que é contra os efeitos maléficos das drogas na nossa sanidade mental e saúde, e que queremos zelar pela vida e paz alheia, proibir as bebidas alcoólicas, que vitimam milhares de pessoas anualmente nas estradas, proibir os calmantes, antidepressivos que causam sonolência e reduzem os reflexos, os cigarros!!! Matam dezenas de pessoas por dia!!! E a maconha ora bolas, a maconha ainda não foi constatado nenhuma doença derivada dela, mas vamos proibir! Já viu num jornal alguém causar um acidente de carro porque estava chapado? Agora vai ver os acidente oriundos do alcoolismo, e nem por isso vamos protestar para proibir o uso de álcool!
“Além disso, médicos, policiais, políticos, professores, jornalistas, engenheiros, uma sociedade com compromissos e tarefas importantes terão livre acesso ao uso. Quem garante que eles não aparecerão drogados para uma palestra, uma cirurgia ou entrevista? Seu nível de vício não é o maior, mas ainda é de se prestar atenção. “ hahahahahhahaha das negligencias, imprudências ou impericia dessas categorias “compromissadas” atualmente, pode ter certeza que o uso da maconha seria o menos maléfico. Quanto ao trabalho do traficante, as drogas mais pesadas já estão rolando soltas, não é o traficante que vai fazer os usuários consumirem mais, e sim os usuários fazem o mercado existir... Mais um perigo é existir um ser não pensante que está nas rédeas de uma sociedade moralista e conservadora. Isso é o fim do fim!

Matheus Mariath. disse...

Rafaela, não te conheço pessoalmente, mas deixo aqui mais uma vez meu apoio. Continue com seu pensamento autônomo, e instigante.
Referente às críticas acima mencionadas nota-se um claro traço de convergência ao pensamento libertinoso que intoxica a hodierna civilização, descomprometida com os princípios intrínsecos ao homem.
Gostaria apenas de questionar alguns pontos do último comentário. Primeiramente, que crédito pode se dar a alguém que se esconde sob o nick de MarofaMan. E ainda, para acabar ele próprio derruba sua argumentação ao asseverar em sua última frase que "[...] mais um perigo é existir um ser não pensante que está nas rédeas de uma SOCIEDADE MORALISTA E CONSERVADORA. Isso é o fim do fim!" [sic]; porquanto, admitindo que nossa sociedade é conservadora oras. Portanto, meu amigo que legitimidade teria a criação de uma legislação pró-drogas? Você é no mínimo desentendido do assunto, pois quem confere legitimidade às leis é a população, e não meia dúzia de pseudo-intelectuais que se julgam acima do bem e do mal, que acham que podem ditar os rumos do País. Vá ler mais, e estude muito antes de ficar externando besteiras.

Anônimo disse...

Infelizemnete Matheus isso não é um pensamento "autônomo", mas sim, ditado pela mídia que ainda insiste em manipular nossa cabeça com a idea de que a maconha mata e faz as pessoas virarem marginais

Matheus Mariath. disse...

Discordo de você "anônimo", digo autônomo com convicção. Você está muito enganado quando diz ser um pensamento oriundo da influência midiática, pois o grosso da mídia apoia a descriminalização das drogas; pesquise e constate quem são os que constituem as direções da mídia, verás as tendências e ideologias que os guiam. E a ideia que maconha mata e faz das pessoas marginais pode ter certeza que não é fruto da influência exterior, e sim da constatação da experiência real que a sociedade extrai esta conclusão, é fato inegável, maconha é uma droga extremamente rentável ao tráfico, e prejudicial à saúde, logo faz mal e induz a criminalidade.

MarofaMan disse...

hahahahaha vamos ficar submissos a legislação, a sua supremacia legal!!! mto bom caro Matheus, principios intrinsecos aos homens!!!kkkkkk intrinseco a lei vc quer dizer, a lei q hj nao faz valer os direitos da sociedade, que favorece uma minoria rica que caga na cabeça dos miseraveis .. E é uma falácia asseverar que quem confere legitimidade a lei é a população, isso é teoria, nao realidade.. E qual o problema do anonimato caro colega? se quiseres debater a questão lhe convido para tomar uma cerveja no bar? aaaaaa desculpa! cerveja é prejudicial a saude e causa transtornos de comportamento!!! afff.. esses alunos do direito com vocabulario rebuscado acham que detem a verdade!

Cauã Alvaro disse...

Bom... pelo visto Matheus Mariath vive no mundo dos contos de fada, a realidade é bem diferente, não digo deve ser feita apologia a maconha ou a qualquer outra droga, mas o seu consumo é mais do que comum e isso é fato. As leis estão defasadas e o que prejudica é falta de instrução da população, então fuma um beck e relaxa...

Matheus Mariath. disse...

Quem está no mundo dos contos de fadas é você Cauã Alvaro, que não atenta às consequências do tema e fala sem o mínimo de embasamento. E quando você coloca que o consumo é mais que comum isso é verdade, e em nenhuma momento eu disse o contrário disso. Apenas defendo um posicionamento repressivo em relação a este tema, com vistas às consequências que a descriminalização traria à sociedade.
Em relação ao comentário do saudoso "MarofaMan", não há nem o que falar; pois é um misto de desencontros e ofensas, revestidos de um discursso pseudo-revolucionário que chega a beirar o ridículo.