Há algum tempo, ouço reclamações quando o assunto é cultura em Florianópolis. Tem gente que, simplesmente não acredita que isso exista na nossa cidade e que, o incentivo é pouco. Mas, e a procura? você, por exemplo, lembra a última vez que prestigiou um evento cultural?
Vou dar uma de articulista. Melhor: vou emitir opinião e cronicar ao mesmo tempo. De fato, evitarei a chatice de ir atrás da opinião dos outros, como nas reportagens, para meter a minha falha opinião. Tentarei estabelecer uma verdade e também te convencer de que és um reclamador preguiçoso. Tudo isso, baseado nas experiências desse feriado.
Enquanto o coelho trabalhava duro para distribuir chocolate à dieta do mundo, realizei uma maratona cultural por Florianópolis. Fui ao cinema, ouvi música erudita russa e assisti a uma peça de teatro, essa última, uma vivência inédita aos meus olhos negros.
O filme A Dançarina e o Ladrão foi o start da maratona na quinta-feira. Excelente produção audiovisual: romântica, engraçada, dramática, trágica. Um enredo onde todos os personagens principais são movidos pelo amor. A sala de cinema? Vazia. Sai, e fui até o Teatro Governador Pedro Ivo para continuar a maratona.
Lá, a Orquestra Sinfônica de Santa Catarina produziu música erudita aos meus ouvidos. O maestro José Nilo Valle regeu sua turma, acompanhado do pianista baiano Paulo Brasil. Em O Souvenir de Rússia, eles apresentaram músicas de, sempre ele, Tchaikovsky, Borodin e Liadov. O teatro também não estava cheio na ocasião, e era só véspera de feriado. Eu fui! Eu voltarei!
Já no domingo, depois de uma festa de arromba no sábado, retornei ao Teatro Governador Pedro Ivo para assistir a peça Coisa da sua Cabeça, aquela mesma que me rendeu uma nota coberta, na semana passada, aqui nesse mesmo espaço. O preço: R$ 60 e não pode ser considerado acessível. Os atores: globais e divertidos. O espetáculo: o que eu posso dizer? Essa foi a primeira vez que fui ao teatro. É... Mas ficou um gosto de quero mais. O teatro? Vazio.
Diante de toda essa discreta discrição do meu feriado, volto a fazer aquela pergunta do primeiro parágrafo:
você lembra a última vez que prestigiou um evento cultural?
Daqui, de cima do meu pedestal, convido-te para esse tipo de experimento. Vai custar algum dinheiro, é claro, mas não encare como gasto e sim, como investimento.
No mais: esse espaço e esse jornal está a fim de buscar as migalhas de cultura e conhecimento que ainda restam por Florianópolis e se possível divulgá-los cutucando seu preguiçoso leitor que prefere preferir outras coisas. Sim, acabo de fazer juízo de valor.
Nícolas David
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