sexta-feira, 6 de abril de 2012

Essence du chocolat

O protagonista hoje é o pai das cáries, transmutado, em seu caráter amorfo, no símbolo da fertilidade em festas pagãs; o pintado, embrulhado, enrolado e agregado a data cristã. É aquele que, hoje, não é do coelho, da lebre nem da galinha, aquele que só representa o nome estampado em seu celofane. Pesando quinhentos gramas, deste lado do ano, apresento-lhes o ovo de Páscoa.

Pessach, que do hebraico significa passagem, reúne em si, uma série de significados para elucidar o dito milagre bíblico, emprestando-se de costumes que atravessaram os séculos agregando símbolos a fim de abarrotar e explorar o período pascoalino. Uma data enigmática! Mas creiam, não por sua natureza mística e hermética, mas simplesmente porque, ao menos para mim, diferentemente do natal, carnaval ou ano-novo, que por muitas vezes temos a consciência certa de como as festividades procederão; na época do coelhinho, raramente sei o que esperar, além do cheiro suave de chocolate pairando nas casas e nos mercados, como uma leve eau d'essence.

O doce cheiro do cacau, do leite e da baunilha, flutuando nem um pouco tímidos, invadindo, as narinas, em uma mistura primaveril de açucares, em uma brisa extasiante, inebriante, ASFIXIANTE! Uma náusea açucarada que me lembra rococós e Luís XV, uma essência exacerbada, que meu paladar e olfato pouco simpatizam. Este doce sobre doce, que agrada crianças e mulheres, enquanto aumenta a produção de serotonina, a amina responsável pela felicidade, esta mesma que as drogas inteligentes atacam.

Festividades como páscoa, nos trazem igualmente este sentimento libertário, nos dispondo a 'alegria' do feriado. Nessa falsa ideia que as comemorações planejadas e esperadas costumam falhar, tanto em expectativa como afazeres. Quem sabe talvez por isso o chocolate nessas solenidades, mas sobretudo na páscoa, que raramente lembra-se a passada. Enfim, seria eu feliz demais ou de menos por não apreciar um bom e velho chocolate? Afinal, como dito, doces trazem a intangível alegria, de forma química, a nossas massas cefálicas, e eu nunca fui fã da páscoa.

Gessony Pawlick Jr.

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