Abram-se as cortinas. Silêncio no auditório e celular desligado. Começa agora a peça de todas as quartas-feiras que ainda não tem final. O monólogo inquietante que os escritores têm na cabeça finalmente tomará a forma de texto. Apresento-lhes Eu. Escritora de nascença, estudante de jornalismo inconformada, leitora que ama Agatha Christie, pessoa que ainda não se encaixou no mundo, mulher determinada e corajosa, criança amedrontada, namorada amiga e irritante, filha incerta, neta fora do eixo, sobrinha desconhecida, irmã pouco presente, amiga fiel.
Sobe a música, as entradas sempre precisam ser triunfais. Deixe que a melodia das trombetas invada esse Teatro. Chegou à hora de misturar o som às palavras e de falar através delas. Inicia-se, então, a peça. Que o leitor e ouvinte se permita enxergar essas variações.
Pronto. Aqui estou no palco em frente a vocês. Não há mais voltas. Então, abaixe as luzes e que comece de uma vez o prólogo.
Cheguei de pára-quedas no Estopim com a brilhante função de incomodar Sebastião e Horácio, o que modéstia parte faço muito bem. De tanto falar, falar, falar (adoro falar) as duas criaturas acataram a insanidade das minhas noites de insônia e assim surgiu a Rádio Estopim, que aos trancos e barrancos, lá está linda e maravilhosa e, claro, incomodando uns e outros também.
Há algum tempo, matuto sobre o poder de fogo que podemos ter dentro da Unisul. Nossa bomba está louca para explodir. O que vai sair de dentro, eu não faço a menor ideia, mas uma coisa é certa, terá Estopim em cada corredor.
Jogarei em vocês mini-bombas que explodirão ou não. Se o pior acontecer a culpa é da universidade e dos livros da minha cabeceira: Jornalistas e Revolucionários, Mídia Radical, O Pasquim.
Dizem por aí que o jornalismo tem que ser imparcial, objetivo e falar sempre a verdade. Balela! Não vou ser porcaria nenhuma de objetiva e imparcial, isso é para os jornalistas desiludidos e utópicos que trabalham em jornais corporativos. Além disso, minha verdade não é, e nunca será, a verdade absoluta e universal. Sim, desconfiem do que eu falar. Vão atrás, confirmem. Por favor, não sejam leitores passivos.
Entre os textos críticos, reflexivos, teóricos, não se assustem se encontrarem o devaneio de uma madrugada em forma de crônica. Não quero, nem pretendo ter uma linha. Sei lá qual é a bagaça do meu estilo de texto. Esperem para ver os próximos Atos. Encarrego-me do desafio de surpreender vocês e a mim.
Sobe novamente a música. A saída tem que ser gloriosa. Fecham-se as cortinas. Sinta a melodia do som que emana dos pensamentos e nada de aplausos, eles assustam os neurônios.
Thaís Teixeira
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