sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Na edícula de Moloch

Somos contruídos de vã fé e falsa aparência intangivel, meus apaziguados irmãos; mesmo na onipresença do universo atual, tendo todos os prós e contras a nossas mãos, preferimos o conforto da incerteza ignorada. Um brinde de clorofórmio a nossa anestesia geral!

Nos acostumamos a sacrificar nossas ideologias por um bem maior que só existe dentro do campo dos valores, uma simples crença de um futuro pautado na aceitação social e em uma troca de esperanças, entregando nossos sonhos na permuta da possibilidade de fuga das dores e dificuldades, chegando assim na mediocridade tão esperada.

Sejam bem vindos ao despertar de nossos feitos, nessa capela dedicada aos males, sacrificaremos aqui nossa criação assim como os antigos sacrificavam seus filhos a Moloch, e cantaremos em unissono "A futilidade nossa de cada dia nós dai hoje, e perdoai nossa aflição, assim como nós perdoamos a rotina que nos tenha aflingido".


Para o tabu nos ajoelhamos, para as emoções, só nos servem aquelas instantâneas e descartaveis, a libertinagem e os afetos vazios são nossos anestésicos da realidade e, com pão e circo cobrimos nossa eterna amargura, somos assim, a doutrina dos comuns, não almejando mais do que o mediano. Afinal somos humanos, e nossa melhor característica é o sedentárismo, nos é incômodo e penoso procurar concepções e sentimentos verdadeiros.

Somos as crias que sobreviveram, as ideias que prevaleceram, somos os filhos do movimento do mundo, sacrificando concepções por valores passados, absorvendo a filosofia oriental de aceitação cada vez mais, de pouco a pouco, conforme o trabalho nos consome. A liberdade alcançada nós não usufruimos, queremos só mais carnes, de peitos, coxas, bundas e membros decepados, por nossas janelas digitais. O mundo pelos olhos da midia, é assim que desejamos que nossa mente funcione. Não pensemos demais, isso só nos trará novos males!

Deixemos-nos ser acossados pelo medo do ridículo e da aceitação, pois como salmo, para nos conformarmos com nossos anestésicos medianos, teremos sempre as palavras de Gabriele Falloppio "Quando soporíferos são fracos, eles são inúteis, e quando fortes, eles matam". Fiquemos então no mediano para que aqueles, talvez não melhores, mas com mais estômago, se destaquem.

Gessony Pawlick Jr.

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