Etta James ou Jamesetta, como queiram, foi uma das cantoras mais brilhantes da era do blues & soul. Dotada de uma das vozes mais marcantes de sua época, a filha de Dorothy Hawkins, morreu nesta sexta-feira depois de lutar contra uma leucemia tão intensa quanto sua vida.
Marcada por sua trajetória cheia de altos e baixos, Etta James passeou pelos mais diversos sentimentos de dificuldades. Nascida no dia 25 e janeiro de 1938, em Los Angeles, de uma mãe afro-americana de apenas dezesseis anos, nunca chegou a conhecer o pai verdadeiro. Foi aos cinco anos de idade, que obteve o primeiro contato com a música no coro da Igreja Batista de St. Paul, na sua cidade natal. Em meados de 1950, mudou-se para a Califórnia, onde criou o trio As Creolettes. A ideia acabou encantando o também cantor de rhythm & blues, Johnny Otis. Além de ser um personagem marcante no mundo musical, Johnny também era empresário e líder de bandas. Foi ele, então, que inverteu o nome de Jamesetta para Etta James. Surgiu a diva do blues e jazz.
“The Wallflower”, uma perfeição do rhythm and blues, foi sua primeira canção a ser criada. Rebatizada como “Dance With Me, Henry”, a música foi uma resposta a Hank Ballard, "Work with Me, Annie". Em 1960, foi contratada pela Chess Records, onde acabou sugando o estilo pop, com “Stormy Weather”, “A Sunday Kind of Love”, “All I Could Do Is Cry” e a épica “At Last” (principalmente por seu toque de violino, ficou conhecida como uma das mais românticas do mundo).
Sua vida privada era conturbada. No meio da década de 1960, a cantora preferiu entrar em um ritmo mais descarnado – devido a sua dependência em heroína. Em meados da década de 1960, Etta passou pela dependência química de heroína e álcool. 'Tell Mama' e a louca declaração de amor 'I'd Rather Go Blind' foram um dos sucessos do período.
Com problemas de obesidade, passava por constantes dificuldades para cantar ao palco, precisando sempre de ajuda para chegar até ele. Mesmo com a saúde delicada, passeou por seus quase 200 kg entre shows memoráveis, já conhecida como a dama da música.
“Pensava que ia morrer. Estava constantemente preocupada com um possível ataque no coração.” Declaração de Etta para revista Ebony, em 2003, onde afirmava que pela quantidade de peso, tinha medo de morrer cantando ao palco.
Em 2002, passou por um processo cirúrgico gástrico, chegando a perder 100 kg, metade de seu peso. Foi então que, em 2003, Etta James recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, sendo definitivamente considerada uma das eternas divas. Miss Peaches, como também era chamada, passou um período grande fazendo tours pela América ao lado de seus dois filhos, Donto e Sametto. Sua música “At Last” foi escolhida como a canção para a posse do Presidente Barack Obama, no entanto interpretada por Beyoncé (que em homenagem a cantora fez o filme Cadillac Records, 2008), o que não agradou nada a artista.
“A grande Beyoncé... Eu não suporto a Beyoncé. Ela não tem nada que fazer isto, indo lá cantar em um grande dia para o presidente, vai estar cantando a minha música que eu tenho cantado desde sempre.”
A grande e polêmica diva do Blues, R&B, Jazz e Gospel, Etta James, sucumbiu a uma leucemia. Internada em estado grave desde dezembro, a diva já sofria há um ano com a doença, precisando de ajuda de ventiladores para respirar, além de sofrer, há bastante tempo por falência de rins.
A morte aconteceu, cinco dias antes de completar seus 74 anos, a musa ironicamente deixou este mundo que habitamos três dias depois de seu descobridor e também músico, Johnny Otis. Jamesetta nos deixou seu legado de seis Grammys e uma pergunta: Existirá alguém como ela? Obviamente que não, ninguém é substituível.
Aproveite o mundo daí, diva.
Rafaela Bernardino
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