domingo, 4 de dezembro de 2011

Cordas Invisíveis

Estes dias, comprei um livro chamado “Sobre a Liberdade” de John Stuart Mill. É engraçado que eu precise ler o que alguém escreveu sobre uma coisa que deveria ser tão facilmente definida, entendida, vivida. Ainda não comecei a leitura, mas de antemão já tenho a sensação de que não encontrarei nele a resposta que procuro. Quem sabe de verdade o que é ser livre? Fomos tão condicionados a viver sob os moldes sociais que arrepia a espinha pensar em fazer algo diferente, situação que deixa a família e os amigos de cabelos em pé e se perguntando: por que você faz essas coisas? Por que não ser igual a todo mundo? Isso até lembra o texto que eu li hoje a tarde de um cronista excepcional do final do século XIX que era gordo, negro e homossexual, João do Rio.

Não o conhecia, nem fazia ideia de quem ele era e só peguei seu texto para ler por causa do título “O homem da cabeça de papelão”. Em síntese, a estória é de um homem que “só dizia a verdade. Não a sua verdade, a verdade útil, mas a verdade verdadeira”. Esse homem era incrivelmente detestado e repudiado por todos, diziam que tinha a cabeça ruim. Então, decidiu trocar a sua por uma de papelão e assim se encaixou no país do Sol. Só não falava mais a verdade, que era uma das muitas qualidades - ou defeitos - que tinha.

João do Rio de me deixou com a sensação de ser um títere do sistema, das convenções, da sociedade, do politicamente correto, das pessoas e que toda a liberdade de pensar e agir que eu achava que tinha fora sucumbida em segundos. Notei, então, que o meu país não é muito diferente do país do Sol. A minha volta vejo pessoas e mais pessoas que não são nada mais que uma produção em série desta sociedade que se esqueceu, ou apenas ainda não aprendeu, a ser livre de verdade.

Thais Gomes Teixeira

Nenhum comentário: