sexta-feira, 18 de novembro de 2011


         Todos os membros da Patota estavam falando abrobrinha demais. Diante disso, decidimos folgar e ocupar professores de jornalismo, publicidade, cinema e até de psicologia para escrever abrobrinhas por nós. Os resultados desse irresponsável planejamento não foi percebido nem mesmo na edição e cabe ao leitor aplaudir, ou parabenizar o que vem por aí. Sim, certamente, a seleção foi criteriosa. Chamem os bombeiros em caso de incêndio, pois existe ainda mais indivíduos envolvidos nessa balbúdia denominada Estopim.
A Patota

A publicidade e a história 
Elóy Simões


Coincidentemente, dois juízes encontram-se no estacionamento de um motel e, constrangidos, reparam que cada um está com a mulher do outro.

Depois de alguns segundos sem jeito e em silêncio, mas mantendo a compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso, um diz ao outro:
“Nobre colega, inobstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido, crendo eu que o correto seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu.
A resposta foi imediata:
“Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o correto, sim. No entanto, não seria justo, levando-se em consideração que vocês estão saindo e nós estamos entrando.”
(Jornal DAQUI)
 
Tenho dito e insistido, sempre que uma oportunidade aparece, que as boas histórias desapareceram da publicidade. Que, em conseqüência, ela empobreceu, perdeu a graça, ficou chata . A maioria dos textos, hoje, está parecida com a linguagem daqueles dois juízes. Culpa de redatores preguiçosos ou sem talento mesmo. Que não sabem, ou temem defender suas ideias. Ou de Clientes teimosos, impermeáveis à criatividade.

Eles precisam ler O que a Vida me Ensinou, de Washington Olivetto.

No livro encontrarão, entre outras coisas, um trecho (pág., 81) onde Washington afirma:

“Outro tema que gera debate no segmento é a escassez de boas histórias. Para alguns profissionais, vale hoje somente a colagem, o impacto, a exposição minimalista sem roteiro. Francamente, não creio que essa seja uma demanda do público. Na verdade, acredito que pouca gente saiba, hoje, contar uma boa história.”

“Os inimigos do formato narrativo misturam ingenuidade e incapacidade.O ser humano adora, sim, uma carochinha e valoriza um enredo bem construído. No entanto, isso exige exercício cerebral e conhecimento. Clinicamente, a falta de ideias é suprida por tecnologia e por adereços. Mas essa é uma virada de um ciclo.”

“Há quem desconsidere essa realidade, e advogue um falso novo, muitas vezes por ignorância.Um dois problemas do ignorante é imaginar que algo é novo porque ele não sabe que já foi feito.Ele vê ineditismo onde não existe., Na verdade, no universo da comunicação, não dá para dizer que algo é novo ou velho.”

“Pode mudar o jeito de contar uma história, mas jamais será possível matar esse recurso. Os grandes contadores de história sempre serão fundamentais, independentemente do veículo e da tecnologia empregada. Isso vale para uma conquista amorosa, para uma narrativa épica e também para produzir um sucesso de mercado.” 
Vale até para contar o causo do encontro de dois juízes com mulheres trocadas na porta do motel.

Elóy Simões

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