quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Engarrafados e imobilizados!

Os principais colunistas políticos de Santa Catarina dão destaque, hoje, à polêmica entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Fórum Parlamentar Catarinense, que juntamente com empresários e prefeitos da grande Florianópolis, cobram uma solução definitiva para o anel viário no km 175 da BR101, que desviaria o tráfego da região, desafogando um pouco o estressante engarrafamento que passou a fazer parte do cotidiano de quem circula pela região.

Concomitante a esse fato, pipocam nos noticiários especulações nada animadoras sobre a reforma da ponte Hercílio Luz, cartão postal de Florianópolis e outrora a única forma de entrar ou sair da Ilha de Santa Catarina. Em audiência pública realizada na Assembléia Legislativa de SC no dia 07/11, o engenheiro egípcio Khaled Mahmoud, especialista internacional em pontes suspensas, afirmou que o monumento histórico corre sério risco de desabar a qualquer instante. As obras estão em ritmo lento. O consórcio de empresas que atua na reforma pede um aditivo de R$12 milhões sobre o contrato para voltar à velocidade normal de trabalho. O governo estadual analisa com cautela o pedido, pois a previsão anterior de gastos já beirava os R$170 milhões. Já são 27 anos de obras na chamada “ponte velha”.

Não muito distante da Hercílio Luz, faz barulho também o projeto da construção da quarta ponte, anunciado semana passada pelo governo estadual – o projeto contemplaria ainda a construção da ligação da nova ponte até a BR-101, no trevo da Repecon, em Barreiros. A previsão é de que a obra esteja concluída em 2016 e o custo estimado é de R$1,1 bilhão.

Ótimo saber da preocupação dos governos municipal, estadual e federal com a região, não fosse o caos em que se encontra o trânsito da nossa cidade há pelo menos dez anos. Levando em consideração o elevado crescimento populacional da região de Florianópolis, aliado ao bom momento da indústria automotiva no país – que tem batido recordes na venda de carros todos os meses – e à liberdade das construtoras edificarem prédios onde bem entenderem – ao que parece, a cidade não tem plano diretor delimitando onde pode e onde não pode erguer condomínios -, chegaremos ao fundo do poço em pouquíssimo tempo.

Eis o grande problema do nosso país: os governantes pensam em soluções para as calamidades quando estas estão prestes a explodir! Não há dúvidas de que, até que a obra da quarta ponte seja erguida, ou mesmo que a ponte Hercílio Luz consiga ser reformada a ponto de liberar o trânsito de veículos, ou, ainda, que a construção do anel viário na BR-101 seja concluída, tais obras não resolverão muito o problema que nos aflige hoje.



Falta visão de futuro aos governantes. Pensar em soluções inteligentes para transformar o transporte público em serviço ágil e de qualidade e estimular estudos para o transporte marítimo ligando a Ilha ao continente parecem ideias distantes de quem deveria nos governar. Talvez o fato de muitas construtoras e grandes empreiteiras (fábricas de asfalto e cimento) financiarem as campanhas dos nossos governantes esteja ditando as regras do jogo.

Enquanto isso, continuamos engarrafados e imobilizados dentro de cápsulas metálicas muitas horas por dia por mais alguns anos. Salve-se quem puder!

Crédito das fotos: Leonardo Contin da Costa
Leonardo Contin da Costa

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