quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Alienígenas na Unisul

Nossa universidade é muito grande, temos 10 blocos em cada bloco tem aproximadamente 30 salas. Então, multiplique dez por 30 e quem sabe você não encontra um alienígena perdido no meio do Campus. Acreditar que só existam professores e alunos no ambiente universitário é audácia demais dos acadêmicos.

Nesse campus da Pedra Branca existe uma particularidade, afinal, não existem muros, nem cerca e nada que possa isolar as pessoas. Porém, nesse mesmo espaço, tem gente que está por trás do palco universitário e passa despercebida. Os estudantes e professores pensam que estão sozinhos, mas não estão! Existe vida do bloco A ao J que não é apenas acadêmica.

A universidade é como uma comunidade, pessoas vivem e interagem dentro dela. Tem alunos que passam mais tempo na Unisul do que na própria casa, por isso, existe todo um organismo que faz o sistema acadêmico funcionar, e em cada organismo pessoas trabalham para que tudo possa ocorrer de forma harmônica, mas por desconhecermos essas vidas elas se tornam estranhas, e como alienígenas muitos acreditam não existir, ou preferem não acreditar. Assim, se estabelece estratégias de relação com o objetivo de isolar os desconhecidos.

Porém, esses seres que não conhecemos são de extrema importância para o corpo estudantil, tudo está funcionando porque eles existem. As mulheres da limpeza estão todos os dias ali para que os blocos estejam sempre em ordem. As meninas da cantina nos possibilitam a alimentação. O senhor do carrinho de amendoim, além de vender seu produto todas as noites, no tempo vago pega latinhas e garrafas para a reciclagem. As bibliotecárias organizam todas as nossas fontes de pesquisa. Os senhores responsáveis pelo malote distribuem todo o material que chega e se encarregam dos achados e perdidos.

E muitos dos alunos que estudam lá convivem com eles todos os dias e não se dão conta, eles passam despercebidos de forma batida, é como se todos eles estivessem vindo de outro planeta, pois são completos estranhos.

Danço break na Unisul há um ano e só conheço dois alunos. A estrutura aqui é boa, mas não tenho contato com eles, às vezes alguns olham pelo vidro da porta curiosos, mas não fazem contato, Gabriel estudante do colégio Benonívio.

Por isso, penso que só se pode evitar isolamentos quando o estranhamento se transforma em solidariedade, não aquela solidariedade de visão assistencialista que muita gente tem. Essa solidariedade tem relação com a luta pelo reconhecimento dos direitos do outro e pelo reconhecimento da diferença. Os habitantes de uma comunidade deveriam ser colegas, isto é, ajudantes e ajudados no esforço contínuo e interminável de construir vidas compartilhadas e torná-las possíveis.

Bianca Queda

Um comentário:

Fran, disse...

Eu me considero uma alienígena da Unisul.. Da segunda fase até os dias de hoje são 9 horas diárias andando pelos corredores, arrumando amizades do malote do bloco J até a dona Neuza da limpeza que aparece na diretoria todos os dias às 16h.

Entre um "Hipermídico" e outro tem o pessoal da segurança, e o Denir sempre forçando sorriso na praça de alimentação.

Quando tu vivência MESMO a universidade, já passa a sentir saudades antes mesmo de sair :/