Os olhos, antes tranquilos e despreocupados, me fitam esbugalhados. E só consigo enxergar neles ponteiros de um relógio, sempre a tiquetaquear os segundos que acabaram de se esvair.
Eles suplicam pela redenção. Querem ser salvos, e me elegeram a heroína da história mal contada. E eu até tentei: improvisei pontes sobre o riacho, emprestei facões para darem conta da mata fechada, apontei os cipós para que pulassem sobre a areia movediça.
No desespero, imploram para deus, seus deuses, qualquer um deles. Mas não se dão conta de que o deus que buscam de olhos fechados, sem as letras D e S, se transforma em EU. Eu - eles mesmos, não eu, a seta torta a repetir mantras iguais dia após dia.
EU - está tudo ali. Bem ali, mirando-os do espelho.
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