Tiago Menezes
Enquanto no resto do mundo as emissoras pagam grandes valores para poderem transmitir os campeonatos nacionais, precisando se adequar aos horários dos programas de sua grade com os horários dos jogos, aqui no Brasil é o futebol que tem que dar um jeito de se encaixar em alguma hora que não afete a transmissão da novela.
Alex, grande jogador da temporada do Coritiba e ídolo master da torcida coxa branca, cutucou a Globo há alguns meses, reclamando por ter que jogar depois das 22h da noite e dizendo que tanto o jogador quanto o torcedor perdem com esse horário. Depois disso, o camisa 10 do Coxa mirou em um objetivo ainda maior, alterar o calendário das partidas.
Desde então, outros grandes nomes começaram a reclamar das datas abusivas impostas pela CBF (quando digo CBF, quero dizer Globo), que marcam jogos desde o começo de janeiro até metade de dezembro, além das partidas no meio das semanas e em várias competições diferentes.
Surge então o “Bom Senso F.C.”, um grupo que começou com 75
jogadores indignados, dispostos a mudar essa situação e lutar a favor dos
jogadores oprimidos. Atletas das séries A e B, como Rogério Ceni, D’Alessandro,
Paulo Baier e Zé Roberto, fazem parte dessa liga que já enviou uma nota oficial
a CBF mostrando a insatisfação e insistindo para que algo seja feito.
Aparentemente, algumas coisas já mudaram porque três
campeonatos estaduais terão suas estreias adiadas em uma semana, para não adentrar
as férias dos jogadores. Essa “boa ação” foi anunciada pela rede Globo, que
decidiu dar mais alguns dias de preparação para os atletas dos campeonatos
Gaúcho, Mineiro e Carioca. Olha que bondade! E tem gente que ainda fala mal.
Mas o que importa mesmo é que algo está sendo feito. O
Brasil é gigante, por isso só as viagens já causam um desgaste enorme aos
atletas. Esse é um fator que, automaticamente, mata qualquer chance de um clube
pequeno crescer. Imagine um time sem expressão do interior de Santa Catarina,
que precisa viajar até o Tocantins para jogar uma partida, com salários atrasados
e sem apoio nenhum, e tentar chegar à elite.
Depois, ainda sofre com datas apertadas e mais viagens
ainda, para logo ser rebaixado e voltar à mesma situação de antes, talvez ainda
pior. Desse jeito, indiretamente (ou não), o campeonato nacional fica resumido
ao Rio de Janeiro e São Paulo, talvez com alguma interferência dos gaúchos ou
mineiros de mais tradição e visibilidade.
Com a possível alteração de datas, Alex pode ter iniciado uma
revolução (lenta, muito lenta) no Campeonato Brasileiro. Se um grupo de
jogadores conseguir mudar datas, o os que impedirá de opinar sobre regulamentos
ou cotas de TV para clubes "menores"? Nada. Ou tudo. Na verdade essa
luta é outra, Alex só está mostrando um possível caminho. O jeito é esperar e torcer.
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