Rafael Medici
Como de
costume, estava escrevendo o texto desta sexta-feira, mas sem ideia nenhuma
sobre o que falar. Fui então dar uma volta de bicicleta, que além de ótimo
exercício é também uma oportunidade de ter contato comigo mesmo. Pensei em
tudo que li e presenciei essa semana, inclusive a palestra do Paulo Henrique
Amorim, que assisti na quinta-feira, 26 de setembro, de onde veio a ideia do texto, que aliás é diferente do que eu
vinha escrevendo.
Na palestra, o jornalista falou sobre o surgimento de uma
nova classe no Brasil, a classe média “C”. Como o próprio Amorim citou: C de
Capitalismo, Cartão de Crédito, Celular, Crédito, Computador, Carro, Curso de
Inglês, e que além do mais não querem mais saber de instabilidade e muito menos
voltar à classe B.
Por um lado essa mudança de classe é boa, ainda mais
acrescida de dados que mostram grande evolução para o país:
- “Os jovens da classe C, mais educados e conectados, são
hoje os formadores de opinião na família e na comunidade” (Meirelles).
- Entre 2002 e 2010 os eleitores de nível universitário na
classe C saltaram de 6 milhões para 9 milhões. Serão 11 milhões em 2014.
Incluindo aqueles com ensino médio, eram 48 milhões no ano passado e serão 52
milhões em 2014.
- A classe C é responsável por 80% das pessoas que acessam a
internet. “A nova classe média movimenta R$ 273 bilhões na internet por
ano somente com seu salário, se considerarmos o crédito disponível à ela, esse
montante dobra”.
- 79% da nova classe média confiam mais nas recomendações de
parentes que na propaganda da TV.
- “A nova classe média não deseja o estilo de vida das
elites e prefere produtos que valorizam a sua origem” (Meirelles).
Esses dados, embora devessem ser muito maiores, pois o
brasileiro nunca está satisfeito, (e com razão) dão esperança de que a educação
e a informação são fundamentais e que não vêm apenas da Televisão (manipuladora
e emburrecedora de mentes), mas também da internet, dos livros e,
principalmente, da experiência de vida de outras pessoas quanto ao real valor
das coisas.
Devemos sim pensar em conforto e bem estar,
mas é aí que entra o lado ruim dessa evolução econômica de classes, pois muitos
se deixam levar por esse capitalismo desenfreado, aquele do cartão de crédito
com mais limite, do carro melhor que o do vizinho, do celular melhor que o do
colega de trabalho, do computador mais moderno...
O valor de uma conversa e da relação entre as pessoas frequentemente
é deixado de lado, porque, às vezes tem que se trabalhar pelo menos 10 horas diárias na
exaustão para ter cada vez mais dinheiro e sustentar seus créditos muitas vezes
supérfluos. O mesmo acontece com nossa saúde e nossa alma, que são tão
importantes para nosso corpo – corpo este que deve estar saudável, também, para
trabalharmos -, mas são deixados de lados para permanecerem na “elite”. Sem
contar ainda a solidariedade e o bem ao próximo, submersas pelo capitalismo.
Portanto, vamos dar mais valor para aquilo que realmente tem
valor, não apenas objetos materiais. Talvez seja necessário mudar a definição
de “Elite”, para buscar mais qualidade de vida e não quantidade na vida.
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