terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dossiê Estopim - Tal qual como canguru em papel

Do pouco presente que estive nas aulas por toda minha vida, lembro-me entre desenhos pelas folhas, versinhos impróprios e atrativas janelas, de um verbete que me vem muito a calhar. Conhecido primeiramente nas aulas de física e química, e mais posteriormente, em uma rede de conexões que pouco dou-lhe importância, esse mot, de dentro dos fundamentos da matemática, aparece-me nas ditas teorias da comunicação, aquele que para os leigos é só mais uma palavra difícil, a tal da entropia, parece-me encaixar tão bem nesta data.

Não assuste-se parcos leitores de dossiês, não irei aqui fazer um ensaio científico de deduções de outrem, só apresento-lhes essa feia protagonista do espetáculo de hoje.

Começo assim com um fato tão histórico quando as anedotas de outrora. Reza a lenda que quando James Cook chegou ao continente australiano, levou um destes marsupiais que leva nome ao título para dentro do navio, e assim pediu que seus marinheiros fossem atrás de descobrir qual seria o nome desta curiosa criatura - como tantas na Austrália -. Eis que o aborígene ao ser perguntado, respondeu simplesmente "canguru", o que em sua língua, nada mais era que "Não estou entendendo absolutamente nada".

Nesta data especial, em que mais uma vez tento resumir nosso sítio, devo dizer que para o Estopim a situação não se mostra diferente. Parimos uma criatura curiosa, pouco comum entre os mesmos de sua espécie, e quando perguntados sobre o que isto seria, ou pretendia ser, nada foi entendido daquilo que respondemos. 

Termos como anarquia e imprensa alternativa até surgiram, mas além de ser um jornal, assim como os cangurus se enquadram no grupo dos marsupiais, nosso querido Estopim, não vai muito além de uma classificação genérica em um formato pouco ortodoxo.

Nesse tempo, que não marca certamente 365 dias, além de muita produção, exacerbada entropia já foi reunida, lembrando que a cada novo dossiê, nova tentativa de eliminar essa tal personagem mal quista nascia; e nada de entenderem que nós (talvez mais especificamente eu) não falávamos a mesma língua.

Somos um verdadeiro e imenso portfólio de informações díspares, um acúmulo de Gessonys e Adilsons, que muito deixaram seus leitores flutuando entre divagações possíveis. Somos aquilo que aprendemos ser, uma força expressiva para vingar os males de nosso artífices de mentes. Somos a linguagem que cria seus próprios cangurus. 

Por meio da prática, adquirimos nosso próprio vocábulo, aprendemos a falar de nosso modo e do modo mais conveniente. Não sei bem o que somos, tenho minha própria visão dita "de artista", mas acho que seguimos o certo, mesmo tendo a estrutura, no atual estado, meio comprometida. Para não me tornar prolixo, por fim, digo que criamos e demos nome a esse bicho que ainda segue como Estopim.

Créditos da ilustração: Gessony Pawlick Jr.
Gessony Pawlick Jr.

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