quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O prontuário estopiniano

O Faísca

Atenção, viemos por meio deste comunicar as doenças mais comuns nos membros da patota, vulgarmente conhecidos como colunistas do Estopim. Os meninos, meninas, gays, meninos meio gays e lésbicas disfarçadas de meninas que emprestam sua imaginação à construção do periódico estão coletivamente moribundos. As enfermidades são muitas, as causas diversificadas e o modo de tratamento é desconhecido.

Intoxicados por cortinas de fumaça das tantas explosões por minuto, os marginais da imprensa da internet sofrem de pieguismo anacrônico, charlatanice aguda, múltipla carência, ética imoral, preconceitos solidários, sonhos de papel, destempero emocional e falsidade cronológica.

Os primeiros exames comprovaram baixos índices de álcool e THC no sangue, o que teria provocado a maioria dos traumas à redação. Por outro lado, as veias estopinianas estão cheias de açúcar, uma incompreensível doçura.

Mortes infrutíferas tiraram o tom artístico, estatístico e religioso do Estopim. Elas ocorreram por via oral, virtual e até anal. Uma observação acompanha esta última forma de morte: Em vez de abandonar seu fado civilizadamente, sujeitinhos romperam seus compromissos com o Estopim mandando todos tomarem naquele lugar.

Médicos cubanos, ainda em fase de experimentação no Brasil, atenderam aos membros da Patota. Não cobraram pelos trabalhos, alegando cortesia. Os meninos de Fidel observaram que o Estopim comete tolice editorial, afronta aos padrões, imbecilidade mercadológica, impossibilidade noticiosa, desvario jornalístico. E acrescentam que tudo tem seu preço e o deles é a liberdade.

Os sintomas mais recorrentes são enxurrada de mentiras mal contadas e sem nenhum fundamento teórico ou prático, achismos baratos, valorização da cultura, apreço pela mendicância, respeito aos pobres, melancolias chinfrins, crises de identidade.

Estão incapacitados de produzir notícia. Desenrolam os acontecimentos por meio da análise no calor da intuição e não na checagem dos fatos. Caracterizam-se uma entre tantas vozes roucas. Sem muitos objetivos claros, são tagarelas imprevisíveis. As razões desses dizeres possivelmente são as mínimas e básicas inquietações da contemporaneidade. Há propósitos, mas nada que possa ser visto como proposital.

Caminham, esses membros, para o topo do chão. Eles não gozam de saúde suficiente para erguer imensos edifícios. Permitiram que a ação de cupins macedônicos cerrasse a força brutal das madeiras que traziam consigo. Como medida preventiva-cautelar-paliativa, recomenda-se que continuem alugando o leitor por tempo indeterminado.

Nenhum comentário: