segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ser Feliz?

Fernando Schweitzer

Como é difícil ser feliz. Será que é para todos? Ou para tolos.

Feliz por Felix, que saiu esses dias do armário, em uma semana onde um menino que ninguém sabe ou lembrará o nome foi torturado pelo pai por ser homossexual. E tal qual as manifestações recentes que já encheram o saco da mídia, tal qual o Papa hermano, não recebeu mesma atenção os meios.

Que proposição teríamos nós, pobres e singelos mortais para transformar o Brasil? O mundo...

Eu os quero, não para guardá-los. Os desejos não são para sublimar-los. E as mudanças necessárias não estão para meramente serem ditas, pedidas... Mas exigidas.

Aos moldes do cupom fiscal paulista, que no estado de São Paulo dá descontos em compras de supermercados, entre outros, deveríamos ter o cupom marica. Afinal, descontos nunca vêm mal, menos aos homossexuais que são por demais de consumistas. E se deveria incluir um desconto no imposto de renda na contratação de seguranças e guardas costas para homossexuais.

Neste momento, em que o país vai importar médicos, poderiam importar também as leis contra homofobia e de matrimonio igualitário.

Escrever algo assim em um momento tão pleno e positivo da minha vida seria proposital àqueles que acham que temos de fingir a felicidade inexistente. Se você é feliz, agora, aproveite. Se não é, deleite-se. Ser infeliz e manter o humor é louvável, infeliz, mas nobre.

Esses dias estive em dois países em que tanto a adoção de infantes por parejas do mesmo sexo, quanto o casamento, é permitido e me senti seguro. Mesmo com a crise que por aqueles ventos bate. Pois, sei que andar de mãos dadas com um rapaz não me viria seguido de nenhum ataque homófobo, nem de lâmpadas fluorecentes na Avenida Paulista.

Comida no Mercado portuário de Montevideo
Depois de ser impedido por um funcionário da Gol de ingressar em um voo já pago antecipadamente, alegando que não poderia ingressar com minha cédula de identidade argentina no Brasil, nem com minha Carteira de Trabalho Brasileira, em que constam meu CPF, RG, Título Eleitoral e fator de homossexualidade ( pela foto pintosa é claro) terminei transitando por Montevideo em um Hotel Gay Friendly. Pensei... Cheguei ao Brasil! Era o cansaço.

Um guapo chef fazendo minha sobremesa exclusiva
Passei muito bem pelos uruguaios... Digo no Uruguai. Mudei obviamente de empresa nesta escala e ingressei no Brasil sem problemas. Ou seja, Gol, nem se gostasse de futebol. O absurdo de você sair com um documento do país e não te deixarem regressar com o mesmo documento é um usurpe do direito constitucional mais básico que é o direito de trânsito, de ir e vir como um cidadão que goza de plena cidadania e não deve nem impostos e nada a ninguém.

Aliás, se é um direito constitucional, o cerceamento deste é crime e federal. Também é inconstitucional negar a comunidade LGBT, uma infinidade de direitos constitucionais. E ainda ao chegar leio a placa que diz: "Seja bem-vindo!". Faltou um asterisco informando: *Exceto Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e simpatizantes.

De um sábado as 11h em Florianópolis, um fim de semana em Montevideo, por acidente. Perdi dois ensaios de minha companhia teatral, mas ganhei uma nova história. Aos trancos e barrancos estreei um novo projeto esta quinta última e deixei pra buscar um advogado segunda-feira.

Me caí y me pisaron, pero no me aplastaron... Y les digo a todos los que me odian y que me aman, estoy aquí... ¡Y todos me miran!

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