quinta-feira, 4 de abril de 2013

A arte é do povo e o povo tem a direito à arte!

1ª Semana de Arte Popular de Florianópolis mostra e valoriza diversos segmentos da cultura catarinense

Thaís Teixeira

Certa vez, depois de uma videoconferência com uma arqueóloga, falei para o meu professor: Eles (os cientistas) se colocam num patamar tão elevado que elitizam a ciência impedindo que tenhamos acesso a ela. Com a arte não é diferente. Segmentada em diversos conceitos e movimentos, ela também atinge altos patamares e não permite que a alcancemos.

Tô dentro!
 Não consigo falar sobre arte sem citar Tom Zé. Um dos grandes artistas do tropicalismo, talvez tão grande quanto Caetano Veloso e Gilberto Gil, que fazia magníficas músicas, experimentando sons na cozinha de sua casa. Isso mesmo, Tom Zé experimentava, cantava para o seu povo baiano e sobre ele. Valorizava a sua cultura, o que ela poderia acrescentar na sua música e deixava isso claro.

Essa conversa é para entrar no assunto da Primeira Semana de Arte Popular, que ocorre até o dia 7 de abril, em Florianópolis. A SAPo é organizada pelo Diretório Acadêmico de Artes (DART), Diretório Acadêmico Oito de Maio (DAOM), da Udesc, e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSC, além de Centros Acadêmicos e coletivos estudantis. A proposta é apresentar as diferentes linguagens artísticas culturais, com trabalhos produzidos por artistas catarinenses. Acompanhe a entrevista com o DCE da UFSC:

Thaís Teixeira: Quando surgiu a ideia da SAPo?

DCE Luis Travassos: Surgiu como uma proposta da chapa Voz Ativa das eleições para o DCE da UFSC. Sentíamos falta de espaços de cultura e de arte com um conteúdo mais crítico e engajado. Quando assumimos a gestão, conversamos com colegas de outras universidades, como da UDESC, e vimos o como seria interessante poder integrar a UFSC e a UDESC e pensar em atividades que aproximassem as duas universidades, que mesmo estando tão perto às vezes parecem tão longe.

Thaís: Como foi a produção?

DCE: A organização do evento passou por reuniões abertas, onde convidávamos mais pessoas interessadas a se agregarem na construção do evento, onde o Coletivo Kurima se somou. A seleção dos trabalhos foi uma tarefa muito difícil, foram muitos trabalhos muito bons, mas tínhamos o limite de tempo, espaço e estrutura. Usamos alguns textos de base para entendermos mais o conceito de arte popular e essas discussões nos fundamentaram na seleção dos trabalhos. Pensamos desde a composição das mostras, nos estilos e no caráter da produção do trabalho.

Thaís: Qual o objetivo da Primeira semana de arte popular?

DCE: A gente espera que esse evento seja um dos vários por vir e que cada vez mais gente se some nessa busca por uma arte transformadora da nossa realidade. Que se tenham mais iniciativas que apóiem a produção artística e cultural na nossa cidade, que tem muita coisa boa, muitos trabalhos de qualidade que por vezes são pouco valorizados.

Thaís: Qual o balanço que vocês fazem dos primeiros dias de evento?

DCE: Foi uma grande alegria de se ver concretizando um pedacinho desses mais de seis meses de trabalho. De ver tanta gente talentosa, tantos debates com conteúdo. Enfim, muita satisfação e alegria no contato com cada artista, com cada pessoa que veio apreciar. Foi um desafio muito grande, pois nenhum de nós jamais tinha organizado um evento desse porte.

Organizar essa Semana também tem evidenciado as dificuldades de trabalhar com arte e todos os “sapos” que a gente tem que engolir, toda a batalha que temos que travar para conquistar esse espaço, pois é uma disputa de espaço para uma atividade que se propõe a pensar voltar e voltar a dar um significado a própria universidade.

Thaís: Qual mensagem que a SAPo deixa para Florianópolis?

DCE: Acredito que a mensagem que a gente quer passar é a de valorização do trabalho dos artistas locais, colocar o foco na arte da nossa cidade, que é tão linda, colorida e variada e principalmente no conteúdo que essa arte pode ter, de se buscar um mundo novo, melhor, mais bonito, que é um sonho que a arte traz consigo.

Pensar como a arte pode ser um instrumento de expressão e emancipação de um povo, como ela pode impulsionar nossas lutas e nossas alegrias. A gente tem aprendido muito na organização da Semana e esperamos muito poder organizar uma próxima e tantas mais outras, com mais experiência e mais aprofundamento no debate e que essa semana seja uma fagulha para inspirar mais atividades e motivar as pessoas. A semana tem sido um espaço de experimentação e crescimento, de aprendizado, superação, muita correria e alegria! Que ela se espalhe e contagie todos.

Tom Zé, toca Desafio para o leitor aí:

Calma!

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