segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A panapaná falante

Para não cair no clichê, nem obrigar-me dar nome aos bois como o era uma vez me pede, apelarei aos contos persas, iniciando com Yeik bood Yeik nabood (Havia alguém, Não havia ninguém), mas que em uma mistura de jornalistas em útero, querendo mudar o mundo, e uma essência de se fazer o diferente, havia um apetite insaciável por escrever e por conquistar espaço.

Nomes existiam aos montes, mas a fórmula certa para equação do Estopim só poderia acontecer de uma maneira. Uma única entrevista que não foi ao ar trataria de emendar os futuros personagens do conto que que ainda se desenvolve. Em se tratando de efeito borboleta, nossa Lepidóptera,  como de praxe, não sabe muito mais do que o insignificante bater de asas que fez, sem a ideia de que do outro lado do mundo criaria um furacão. Eis que hoje lhe revelaremos o seu ato.

Nícolas - (sussurrando) Vamos fazer um ano, eeeeeee!

Cilene - O quê?

Nícolas - (sussurrando) Vamos fazer um ano! 

Cilene - Fazer o quê?

Nícolas - O que vai dar de presente para o Estopim? A entrevista né?! (risos)
(silêncio)

Cilene - E aí?

Gessony - Vale a pergunta, o que vai dar de presente para o Estopim?

Cilene - O quê? 

Gessony - O que vai dar de presente para o Estopim?

Cilene - Uma entrevista, pode ser?!

Gessony - Então, o Estopim está fazendo um ano de aniversário, e acho que o engodo de toda essa entrevista é perguntar como você se sente, sabendo que é a culpada pelo Estopim?

Cilene - (risos) Culpada?... Bom, quando o Nícolas começou a trabalhar ali com a gente, na comunicação e marketing, dava para ver que ele tinha uma sede muito grande de escrever fora dos moldes e dos padrões - pirâmide invertida, lead e tal - e na realidade o jornalismo ele tem uma técnica que engessa o texto, apesar de que é para facilitar o leitor, mas por outro lado faz com que a pessoa não use de seu potencial criativo. E eu percebi isso no Nícolas, que ele tinha um potencial criativo muito grande, e incentivei. Mostrando que no jornalismo existem várias formas de você se expressar, né!? E como ele estava entrando, ainda meio, digamos assim, é... procurando a sua personalidade, assim né, de texto, eu falei "nada melhor do que você se conhecer fazendo", e incentivei, e ele "ah não, 'magina', não sei o que", e eu, "faz! É teu, faz! Faz, faz...".
Então eu fico bem orgulhosa, acho que ele, acho não, tenho certeza! Que ele é uma pessoa que tem um caminho promissor, assim como o Estopim fez um ano, ele também fez um ano de Estopim. E... muito legal o trabalho de vocês. Parabéns...

Gessony - E sobre a entrevista que nunca saiu? Não sei se foi a única (olhando para o Nícolas).

Nícolas - Tu lembras da entrevista que não saiu?

Cilene - Qual? Não me lembro.

Nícolas e Gessony - (risos)

Cilene - Não, não lembro. 
Ah! A entrevista com eleeee.

Nícolas - Isso! Esse é o mote que o Gessony traz para essa entrevista...

Cilene - aham

Nícolas - Nós estávamos conversando e chegamos a essa conclusão.

Cilene - É mesmo.

Nícolas - Foi ali, inclusive, eu já conhecia o Gessony, já tinha visto, já me despertara o interesse. Como teve contigo, que tu olhava "Puxa é uma figura que se veste diferente, tananã... age diferente..."

Cilene - Que agonia a unha comprida, nem eu não consigo escrever com essa unha comprida...

Pessoa inconveniente - Tchau, boa noite.

Cilene - Boa noite. 

Nícolas - Aí que tu pediu que eu fizesse a entrevista com ele, e foi a partir dali que a gente se aproximou, mais, tal.

Cilene - aham... começaram a namorar e tal.

Gessony - Um ano juntos, fazer aniversário de namoro junto com o Estopim.

Todos - (risos)

Nícolas - ...E isso que justifica a pergunta. Assim, no caso você seria a pessoa que deu o start, por causa disso, porque aproximou pessoas que...

Cilene - Eu acho que o ser humano, em geral, não só falando no Estopim, mas no geral, que parte dali né, o ser humano em geral não sabe da potencialidade que tem. Nós vivemos em uma sociedade, que de uma certa forma enquadra a gente, classifica, "Quem você é?" "Eu SOU jornalista" não é eu estou jornalista, pois pode ser jornalista hoje e amanhã ter uma empresa e ser um administrador, ou daqui a pouco você resolve ser nada, vai ser um mochileiro. Então você ESTÁ mochileiro, você ESTÁ jornalista, você está alguma coisa, você não é aquilo, na realidade você é muito mais.
E todas as profissões têm esse padrão, assim como quando você trabalha em uma empresa "A Cilene da Unisul", eu não sou da Unisul, eu sou Cilene Macedo. Mas isso é pelo próprio molde da sociedade que a gente vive, então a gente tem que estar atento a isso, todos os dias, para não deixar que os outros nos classifiquem, que os outros nos enquadrem; e para isso, nada melhor do que você ter uma voz aberta, você ter um local para onde você pode escrever, aproveitar que a gente está na era da web 2.0, que as pessoas podem falar, interagir, porque se fosse a vinte anos atrás, não ia talvez poder fazer o que ele faz, o que vocês fazem. Então tem que aproveitar a oportunidade, que vocês estão em uma era muito promissora para falar o que pensam e fazer com que as outras pessoas conheçam o trabalho de vocês, e até inspirar.

Gessony - Aproveitando que você está falando em liberdade de expressão e da Cilene da Unisul, conta um pouco como foi pra ti (assessora de comunicação e marketing da Unisul) a relação da nossa postagem naquela quinta-feira (02 de agosto)

Cilene - Do Unisul Ontem?

Gessony - Isso.

Cilene - Eu acho que todo mundo tem o direito de se expressar, assim como vocês se expressaram como Unisul Ontem, eu também posso me expressar dizendo que eu achei leviano, mas respeito. É aquilo: não gostei, mas o não gostei é até aqui, daqui pra lá você vai ver o que vai fazer com aquilo. Não costumo interferir relações profissionais com pessoais, se por exemplo, fosse trabalhar de novo com Nícolas, eu iria falar "Nícolas tu pisou na bola aquela vez". Nunca vai ter deixado de ter pisado na bola, entendeu? Mas eu nunca vou deixar de ser amiga dele, porque uma é uma relação profissional e a outra pessoal. Eu já tive problema com várias pessoas, com várias postagens, com várias coisas, e nunca deixei de falar com ninguém. Não tenho inimigos por causa disso, acho que cada um tem que falar o que pensa. Mas eu não concordei não (risos).
Porqueeeeê, na realidade, o Estopim é um privilegiado né?! Porque primeiro ele é um blog de alunos e nenhum blog de aluno até agora teve tanta repercussão ainda na capa do Unisul hoje, não que seja um puxassaquismo, não é isso, mas é porque vocês têm atualização constante e textos muito bacanas. Agora, quando vem uma outra pessoa fez, ele (Estopim) tem que um dia sucumbir e dar espaço para outra pessoa. E ali o Estopim agiu como um menino mimado, que não queria sair da frente e... tudo bem né. Faz parte da idade dele, ele só tem um ano né, imagina-se que com um ano toda criança é mimada. Então a gente entende que muitos anos virão aí pela frente para que ele seja um garoto maduro.

Nícolas - Bem conveniente (risos)... Cilene tu se formou na Unisul também né. Fala um pouquinho dessa época de faculdade, como que era o clima? Como que era a tua turma?

Cilene - Assim, eu sempre gostei de fazer amizade com todas as pessoas da minha sala, e até hoje - estou formada, acho, há oito anos - a gente ainda tem contato, então, da época em que eu comecei a trabalhar aqui na Unisul, não era nem formada e estava trabalhando aqui, a única pessoa que começou em lugar e está ainda no mesmo (risos) sou eu. Esse dias ainda pensei: "Por que eu gosto tanto daqui?" e eu acho que esse ambiente universitário faz com que eu fique aqui, sabe?! Você a cada semestre conhecer pessoas novas, assuntos de aluno pipocando todos os dias, e assuntos de universidade, são assuntos que são positivos, difícil você ter um assunto negativo. Você abre um jornal, e abre o Unisul Ontem Hoje, para ti ver a energia que tem em um e a energia que tem em outro. Então o que me move estar aqui todos esses anos, desde a época da faculdade é isso.
Meu curso foi um curso que eu me encontrei, porque eu tinha feito administração mas sempre, como vocês podem perceber, eu falo muito - escrevo muito, falo muito - sou muito agitada para ser uma administradora. Então eu tinha uma inquietude dentro de mim "Como é que eu vou ficar horas e horas sentada na frente de um computador? Apesar de que hoje eu fico muitas horas atrás de um computador, minha dinâmica de trabalho é muito rápida, o que me permite não me enjoar e não ser um tédio trabalhar. E aí muitas pessoas falavam para mim, minha vó, meu pai, "Devia ser jornalista!". E um dia eu acordei, estava na sexta fase de administração, e falei, "Vou trancar o curso". Aí vim aqui, conversei com o Sardá, porque ele era coordenador do curso na época, e ele que disse que eu estava ficando maluca, que o campo de administração era muito mais promissor que o do jornalismo, que eu não devia trocar, mas eu falei "Eu quero!", mas ele "Ah, tu vais te arrepender" e eu falei "Não tem problema, eu quero!". Aí fiz transferência, e logo na primeira fase falei "Não! É isso que eu quero! Quero trabalhar com jornalismo e ser jornalista".
Fiz todas as áreas. Trabalhei como produtora de tv, trabalhei em rádio, trabalhei em assessoria de imprensa, trabalhei em jornal, e... site, jornalismo online, fiz tudo que eu queria trabalhar. A única coisa que ainda não fiz foi trabalhar em revista, mas, talvez, eu ainda trabalhe.

Nícolas - Seria esse um plano futuro?

Cilene - É! Talvez como assessora mesmo, montar uma revista para uma empresa, alguma coisa assim. É a área ainda que está me faltando, sabe?! Eu adoro revista. Leio revista todos os dias, e é uma coisa que me chama a atenção, o formato da revista... (ahhh! Blá, blá, blá. Todo mundo já viu uma revista)

Nícolas - Com tu te sentes, hoje, durante o teu dia-a-dia? Tu acordas disposta a trabalhar, tu sai cansada?

Cilene - Sempre disposta! Saio cansada, mas adoro. 

Nícolas - Por isso? Pela universidade, pela pipoca que tu falou que existe?

Cilene - Assim, o que me motiva a trabalhar é o novo, é essa coisa de saber que eu vou chegar no meu computador e ver, sei lá, sessenta e-mails de coisas totalmente diferentes aleatórias. E eu gosto disso, eu gosto da novidade, gosto do novo, eu gosto de interagir com pessoas.

Nícolas - O fato de não assinar os trabalhos, não te incomoda um pouco?

Cilene - Não, nunca me incomodou. Poque eu acho que quando você se preocupa muito com isso, você tem que ter um veículo teu, no caso um blog, "Não isso aqui é autoral. É meu!". Quando eu quero escrever algo que é MINHA opinião, eu faço um artigo. Aí é minha marca, sou eu que estou falando. Quando eu estou escrevendo uma matéria, genérica, que tem o quê, onde, porque - o que a gente sabe que precisa para uma matéria - eu não estou colocando muito minha opinião, estou colocando o fato, eu contextualizo o que está acontecendo, mas não tem muito de mim ali.

Nícolas - Leituras? Como que tu te atualizas, além das revista, que tu falou que gosta do formato?

Cilene - Eu tenho vários tipos de leituras. Eu gosto de ler sobre jornalismo, eu gosto de ler livros de espiritualidade, como Osho, gosto de ler sobre tecnologia, aquela revista Info, leio bastante. Gosto de ler Carta Capital, um pouco, porque eu não gosto muito de política, e ela traz alguns resuminhos para quem não gosta (risos). Gosto da revista Época. Não sou muito chegada no esporte, é uma área que não me chama muita atenção, gosto da revista Cult, Caros Amigos, Piauí.

Gessony - E a leitura do Estopim?

Cilene - Ah, a leitura do Estopim é normal né, só que assim, é aquela leitura meio dinâmica, passa o olho, às vezes chama a atenção um texto...
Mas é muito legal, como eu falo para vocês, o que é o legal de vocês é o ousar, é pegar sempre um tema novo, diversificar, o olhar né! O olhar do jovem.

Gessony - Algum colunista?

Cilene - Oi?

Gessony - Oi, tudo bem?! Algum colunista?

Cilene - (Silêncio e cheiro de óleo queimado) Não... Não tenho preferência. Eu leio bastantes colunistas, mas não vou citar nenhum porque não tem nenhum que eu diga assim "Ai! Adoro essa pessoa". Então para não falar de um sem falar do outro, prefiro não falar de nenhum. Colunismo eu leio a título de informação e não a título de idolatria.

Gessony - E dentro do Estopim? Algum aluno? (silêncio que precede a piada) Um pupilo assim como o Nícolas?

Cilene - Ahh, eu gosto... Eu não vou... Não! Aí é sacanagem. Não, nãão

Nícolas - (risos)

Cilene - Todos escrevem muito bem...

Nícolas - Acho que não hein.

Gessony - Também acho que não, mas deixa quieto.

Todos - (risos)

Cilene - Não, não, magina... Jamais faria isso, até porque, é autoral né?! Cada um tem o direito de se expressar como quer. Aí meu julgamento seria uma coisa assim... ruim né.
Tô fora!

Nícolas - O tu achas do jornal de bandeja que a gente produziu?

Cilene - Então, eu fiz um jornal bandeja, durante um ano, quase dois, o nome dele era Jornal de Carteira, e ele seguia mais ou menos a mesma linha do de vocês. Quando eu vi achei muito legal, porque é como se meu projeto estivesse retomando.

Nícolas - Foi aqui na Unisul também?

Cilene - Foi aqui. Então, assim, a gente imprimia e colocava em todas as carteiras, em todas as salas (risos). Ficava as vezes uma manhã inteira, mobilizava todo o pessoal da limpeza para distribuir os jornais, então na primeira segunda-feira do mês todos os alunos tinham um jornal de carteira. E quando eu vi o de vocês muito bacana, porque é um trabalho que facilita a informação para o aluno, ele chega ali cansado, com sono, já tem uma informação quentinha.

Nícolas - Era um movimento parecido, o de carteira? Eras aluna ainda?

Cilene - Não, na realidade eu era aluna mas já era funcionária, entendeu?! Foi um projeto que eu apresentei, para o professor Valter na época, que era o diretor do campus, ele gostou, aprovou, adorou. Então assim, eu tinha algumas matérias, como estava dentro da universidade, uma poucas matérias que eram institucionais, até para valorizar, e o resto era eventos, dicas de livro, bastante informação de aluno.

Como a borboleta que esperavamos, Cilene desviou graciosamente das perguntas mais agudas, e volteou e volteou com perguntas sem grandes propósitos. A entrevista seguiu-se ainda por alguns minutos, falando sobre as preferências literárias, as horas de leituras e as inexistentes crônicas dessa nossa Lepidoptera. Terminou sem grande revelações para nenhum dos dois lados, e acabou porque tinha que acabar.


Créditos da ilustração: Gessony Pawlick Jr.
Nícolas David e Gessony Pawlick Jr.

Nenhum comentário: