domingo, 26 de agosto de 2012

Alguém ainda se surpreende com ataques de atiradores nos EUA? Eu não.

Quem já leu algum dos meus textos sabe: eu sou apaixonada pelos Estados Unidos. Não nego que adoro aquelas casinhas todas iguais do subúrbio das cidades americanas, os copinhos de café do Starbucks, os donuts coloridos, a imensidão dos shoppings, os armarinhos das high schools, poder dirigir com 16 anos, o futebol americano e todas as outras milhares de coisas que fazem muitas pessoas, do mundo todo, desejaram o american way of life. Mas não sou alienada: sei que eles podem ser arrogantes, extremistas, intolerantes com várias coisas e sei também que eles não são mais o melhor país do mundo.

Mas se hoje, dia 26 de agosto de 2012, alguém me oferecesse uma casa e um trabalho em qualquer cidade dos Estados Unidos eu ia pensar muito antes de ir. E sabe por qual motivo? A probabilidade de eu, em uma rotineira ida ao supermercado, à universidade ou até mesmo ao cinema (vejam bem, ao cinema!), ser atingida por um maluco-psicopata-com-uma-arma-na-mão é grande.

Afinal, foram quatro ataques desse mesmo tipo em um mês: primeiro, o cara do Colorado, depois o veterano de guerra que entrou em um templo no Wisconsin, seguido por um homem no Texas e, na sexta-feira, um ex-funcionário aborrecido se vingou com tiros em plena 34th street, no centro de Manhattan, em frente ao Empire State Building. Isso tudo aconteceu na mesma Nova York que se orgulha de ser uma das cidades mais seguras do mundo. Nova York, a cidade em que morei por um mês, indo, todo santo dia, ao Empire State para estudar, andando pelas mesmas calçadas em que, na sexta, nove pessoas foram feridas e duas morreram. É, no mínimo, assustador.

Não sei o que acontece com a sociedade americana. Culpa da lei que permite que armas sejam legais e vendidas normalmente? Pode ser, mas não é só isso. Estamos diante de uma sociedade doente, onde cada vez mais as pessoas não têm com que se ocupar, onde as pessoas não convivem mais com outras pessoas – e sim com outros computadores, tablets, celulares...Onde é, cada vez mais normal assistir à esse tipo de massacre pela TV, ao vivo, como se fosse natural. Temos que prestar atenção nisso. Daqui a pouco esse tipo de notícia não sairá mais no caderno policial da Folha de S. Paulo e sim no Cotidiano.

Bruna Carolina

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