terça-feira, 3 de abril de 2012

A escola da avenida

É uma dádiva para alguns, trabalho o ano inteiro a outros e uma tortura àqueles que não suportam o som das cuícas e cavacos, mas o fato é que carnaval não é só um samba-enredo clamado sequencialmente pelos componentes da escola, ou uma desculpa para reunir toda uma comunidade carente em defesa de uma boa causa.

Cada escola de samba deve escolher um enredo, algo para falar, uma história, um personagem ou um fato, que sirva como enredo de seu desfile. Os temas são livres e e, por conseguinte, tornam-se diferenciados e por vezes um tanto quanto exagerados. A escolha dos enredos é um incógnita para algumas escolas enquanto para outras serve como uma fonte, ainda maior de renda para a construção de alegorias e adereços. Fala-se em torno de R$ 5 milhões para a parceria. Fica fácil saber o motivo da compra e venda dos enredos analisando o número de pessoas que se envolvem com a festa, desde espectadores, nas arquibancadas do sambódromo a telespectadores, principal justificativa, ao meu ver, de tamanha enormidade do carnaval de hoje. Essa é, por vezes, a causa que leva os "famosos" a avenida, mas esse é um assunto que leva a muitos outros e que deve ser tratado de uma outra maneira, outro dia.


Além do fervo com o samba no pé a festa mais popular do verão brasileiro também ensina, e se engana quem pensa que só são levados os ensinamentos das ruas, a malandragem carioca, os temas para cada escola de samba trazem consigo diferentes histórias que vão desde uma exaltação ao lugar em que a escola fora criada até personagens de ópera, ou até mesmo um pouco da história da música clássica. Nesse ano, até a data, já foi mostrado na marquês de sapucaí, principal mas não única passarela, as peculiaridades do iogurte e que, segundo a Porto da Pedra, fora descoberto na Bulgária; as estrelas que surgiram em São Luiz do Maranhão, única capital do Brasil fundada por franceses; a história do brasileiro Romero Britto o artista das cores, retratando também sua exposição no Louvre e também a fé e a trajetória do escritor Jorge Amado.

Muitas críticas, boas e até ruins. O carnaval não é deixado de lado, todo ano tem, todo ano vai ter e só acaba na manhã da quarta-feira para recolher as cinzas.

Terceiro dia de Abril, por que falar de carnaval? É agora que começa a ser pensado o carnaval do ano que vem e a engrenagem que move a passarela já está sendo montada, já dá vontade de mais.

Adilson Costa Jr.

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